Saída de Mandetta da Saúde seria um "desastre", diz João Doria
"Corremos o risco de não termos mais uma orientação técnica e sim uma orientação política e ideológica", disse Doria em coletiva
João Pedro Caleiro
Publicado em 15 de abril de 2020 às 13h17.
Última atualização em 15 de abril de 2020 às 13h55.
O governador de São Paulo, João Doria, disse nesta quarta-feira (15) que a saída de Luiz Henrique Mandetta do cargo de ministro da Saúde seria um "desastre".
A tensão entre o presidente Jair Bolsonaro e o ministro teve uma escalada nos últimos dias, e há indicações de que a demissão pode ser concretizada ainda hoje.
Mandetta defende, assim como Doria, medidas de amplo isolamento social contra o coronavírus, questionadas constantemente por Bolsonaro.
"Corremos o risco de não termos mais uma orientação técnica e sim uma orientacao política e ideológica", disse Doria em sua coletiva de imprensa diária sobre o tema.
O governador afirmou que se comunica com alguma frequência com Mandetta via WhatsApp, e que o minsitro e seus secretários vem demonstrando responsabilidade, apoio técnico e respeito à ciência.
Doria lamentou especificamente a saída do secretário de Vigilância em Saúde da pasta, Wanderson de Oliveira, que pediu demissão nesta manhã.
Homem de confiança de Mandetta, ele era o responsável direto por desenhar as medidas de combate à pandemia de coronavírus e participava diariamente das coletivas de imprensa no Palácio do Planalto
"Perdemos um guerreiro que tem ajudado a saúde pública brasileira", disse Doria, em discurso ecoado pelos outros membros da equipe de saúde do estado presentes na coletiva.
David Uip, chefe do Centro de Contingenciamento do Coronavírus, disse que é amigo de Wanderson há anos e que conversou com ele longamente no final de semana.
"É um erro estratégico por parte do governo alterar essa equipe de trabalho que está absolutamente engajada e conhece os problemas", completou José Henrique Germann, secretário de Estado da Saúde.
"[O ministro] tem um posicionamento estratégico extremamente coerente e conhece profundamente não só o SUS como a crise que estamos vivendo", disse Germann.
Na coletiva, foi anunciado também o início da distribuição de 1 milhão de cestas básicas para pessoas de baixa renda entre abril e julho, com recursos do governo e da iniciativa privada.
Também foi anunciado que foram doados por 83 empresas o equivalente a 367 milhões de reais em dinheiro, produtos e serviços, voltados para área de saúde e segurança.
Veja o vídeo da coletiva:
(Com Gilson Garrett)