Roger Pinto Molina: parlamentar boliviano foi trazido para o Brasil no final de agosto, em operação organizada por Saboia, então encarregado de Negócios Estrangeiros do Brasil na Bolívia (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2013 às 12h55.
Brasília - O diplomata Eduardo Saboia, que participou da retirada do senador boliviano Roger Pinto Molina de La Paz, capital da Bolívia, voltou ao trabalho no Itamaraty desde ontem (1º).
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Saboia passou a atuar como assessor do diretor do Departamento de Assuntos Financeiros e Serviços do ministério.
O parlamentar boliviano foi trazido para o Brasil no final de agosto, em operação organizada por Saboia, então encarregado de Negócios Estrangeiros do Brasil na Bolívia, o que desencadeou uma crise diplomática.
Como resultado, o então chanceler Antonio Patriota foi substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado.
Desde o episódio, Eduardo Saboia estava "em trânsito" - período em que um diplomata fica afastado de suas funções quando troca de posto. Nesse ínterim, um processo de sindicância no ministério foi instaurado para apurar o caso. Saboia é acusado de quebra de hierarquia, o que a defesa nega.
O resultado será conhecido até o final de outubro. O processo tramita em sigilo.
Pinto Molina, que faz oposição ao governo do presidente Evo Morales, ficou quase 15 meses abrigado na embaixada em La Paz, desde que pediu asilo político ao Brasil.
O parlamentar precisava de um salvo-conduto para deixar o que país, o que era negado pelas autoridades bolivianas, sob o argumento de que o parlamentar responde a processos judiciais no país.
O parlamentar é classificado como um “delinquente comum” pelo governo boliviano.
O senador alega que é perseguido político e nega as acusações relativas a desvios de recursos públicos e corrupção. No total, ele é alvo de mais de 20 processos.
O retorno de Saboia ao trabalho foi autorizado no mês passado, após pedido encaminhado pelos advogados do diplomata. A defesa pediu ainda acesso aos e-mails, telegramas e notas trocadas entre a Embaixada do Brasil na Bolívia, o Itamaraty e a Presidência da República. A relação de documentos é extensa e mantida pela comissão em caráter sigiloso.