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PM diz que apurará violência cometida por agentes

Pelo menos 14 cinegrafistas e fotógrafos foram atacados por policiais na praça Saens Peña, na zona norte do Rio de Janeiro

Policiais prendem um manifestante durante a final da Copa do Mundo, no Rio (Marco Bello/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 14 de julho de 2014 às 20h43.

Rio - Questionado nesta segunda-feira, 14, sobre as agressões a manifestantes e jornalistas que cobriam o protesto de domingo, dia 13, durante a final da Copa do Mundo , o comando da Polícia Militar do Rio informou no início da noite que determinou a abertura de inquérito para "apurar os atos de violência de policiais contra cidadãos durante a manifestação".

Pelo menos 14 cinegrafistas e fotógrafos foram atacados por PMs na praça Saens Peña, na Tijuca, zona norte, quando registravam a repressão a ativistas.

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Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) afirmou que "agressões deliberadas contra comunicadores configuram atos diretos de censura e não podem ser tolerados".

O documentarista canadense Jason O'Hara foi espancado por PMs com um chute no rosto e golpes de cassetete na perna. Ele ficou ferido e teve a câmera de seu capacete arrancada por policiais.

"Vários casos assim já ocorreram e isso (a investigação policial) nunca dá em nada. Não tenho esperança de que haja justiça. Quem vai policiar os policiais? Minha câmera foi roubada. Foi claramente uma ação para evitar as filmagens", disse O'Hara, diretor do filme Ritmos de Resistência, sobre as UPPs do Rio.

O posicionamento da PM mudou ao longo do dia.

À tarde, quando o Estado perguntou sobre a abertura de inquérito policial-militar, a corporação enviou o mesmo posicionamento da véspera, informando apenas que "todas as denúncias relativas a excesso na ação de PMs estão sendo encaminhadas à Corregedoria e apuradas".

À noite, o tom era outro: "O Comando esclarece que repudia estes atos revelados por imagens de cinegrafistas amadores".

A PM, entretanto, afirmou que será mantido no cargo o coronel Luiz Henrique Marinho, comandante do 5.º Batalhão, responsável pelo policiamento no entorno do Maracanã no domingo.

A reportagem pediu uma entrevista com o coronel, que não foi autorizada.

Diversas imagens e vídeos divulgados em redes sociais mostram ataques deliberados a profissionais da imprensa.

Procurados pela reportagem, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, recusaram-se a comentar as agressões.

A Abraji contabilizou 38 casos de prisões, agressões e detenções envolvendo 36 profissionais da comunicação durante a cobertura de manifestações no período da Copa.

"Seguindo o padrão observado desde junho do ano passado, a maioria das violações (89%) partiu da polícia. Dentre estas, 52% foram intencionais - ou seja, o comunicador se identificou como profissional a serviço ou portava identificação à vista. As demais agressões partiram de manifestantes e de seguranças privados da Fifa", relata a entidade.

O protesto de domingo no Rio concentrou o maior número de ocorrências. De acordo com a Abraji, as agressões foram comprovadamente propositais em 8 dos 14 casos - nos outros, não é possível afirmar.

O Sindicato dos Jornalistas do Rio divulgou um balanço com 15 nomes, mas a Abraji não considerou em seu relatório o caso de Gizele Martins (que teve uma crise de asma por inalação de gás lacrimogêneo) por entender que não houve direcionamento específico contra a jornalista.

Em nota sobre o cerco policial de domingo, a ONG Justiça Global afirmou que "o Estado de Exceção tem se tornado cada vez mais comum".

Para a Abraji, os casos "evidenciam o uso desproporcional de força por parte da polícia durante manifestações e o desrespeito ao direito fundamental da liberdade de expressão".

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