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Revalidar o diploma ainda é um desafio para refugiados no Brasil

Processo de revalidação pode chegar a 20 mil reais, segundo a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados

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 (Jeffrey Hamilton/Thinkstock)

(Jeffrey Hamilton/Thinkstock)

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Valéria Bretas

Publicado em 21 de janeiro de 2018, 09h10.

Última atualização em 22 de janeiro de 2018, 09h38.

São Paulo – No Brasil desde 2015, o sírio Salim Alnazer, de 32 anos, é um dos milhares de refugiados em fuga do Oriente Médio que buscam proteção no território brasileiro.

Além de abandonar os amigos, a casa e a família, Salim também teve que, a princípio, deixar para trás sua carreira como farmacêutico. Afinal, fazer valer o diploma no Brasil é um processo burocrático que demanda um elevado investimento financeiro – que pode chegar a 20 mil reais.

Em resposta, a Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) fechou uma parceria com a ONG Compassiva, que presta atendimento individual aos que desejam ter seus diplomas reconhecidos.

"Essas pessoas estudavam, atuavam profissionalmente e contribuíam para o desenvolvimento de seus países. Agora, aqui no Brasil, devem ter a oportunidade de começar uma nova fase de suas vidas por meio da aplicação prática de seus conhecimentos ", diz Maria Beatriz Nogueira, chefe do escritório do ACNUR em São Paulo.

Casos como o de Salim, que deixou de lado os anos de estudo para trabalhar em outra área, se repetem ano a ano. Em 2017, por exemplo, dos 46 imigrantes que buscaram revalidar seus diplomas com a Compassiva, apenas 12 tiveram o pedido aprovado por instituições de ensino.

“Apoiá-los [refugiados] na revalidação de seus diplomas não é somente devolver um documento. É resgatar parte de sua história, sua trajetória como ser humano e tudo o que eles aprenderam e construíram em suas vidas durante anos", diz André Leitão, presidente-executivo da ONG.

Depois de 2 anos e quatro meses, e com a ajuda da Compassiva, Salim conseguiu revalidar o seu diploma para se inscrever no Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP). E não demorou muito até alguém abrir as portas: em poucas semanas, o sírio conseguiu uma oportunidade de trabalho como farmacêutico em uma rede de franquias especializada em entregas.

"Se você fechar as portas [aos refugiados] e disser não, você pode perder uma grande oportunidade. Para mim, essa oportunidade foi encontrar o Salim. Ele é um profissional excelente”, disse Genivan Borges, dono da franquia onde Salim trabalha, em entrevista à Acnur.

Desde 2016, quando a parceria começou, a Compassiva deu início a 78 processos e revalidou 18 diplomas em diferentes áreas. A maior parte dos requerimentos, segundo a ONG, é para diplomas em medicina, ciências contábeis, economia e farmácia.

“Vários países têm paz. Eu poderia ter achado isso em outros lugares” afirma Salim. “Mas eu não encontrei apenas paz aqui no Brazil. Eu encontrei um futuro”.

Neste vídeo da Acnur, apresentado em primeira mão por EXAME, saiba mais sobre o processo a atuação da ONG Compassiva no processo de revalidação de diplomas de refugiados no Brasil.

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