Resultado de testes da vacina será enviado à Anvisa na segunda, diz Doria
Testes em estágio avançado da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela Sinovac serão finalizados pelo Instituto Butantan neste fim de semana
Reuters
Publicado em 15 de outubro de 2020 às 15h29.
Última atualização em 15 de outubro de 2020 às 16h00.
O Instituto Butantan enviará na próxima segunda-feira à Agência Nacional de Vigilância Sanitária ( Anvisa ) os resultados dos testes em estágio avançado em humanos realizados no país da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela empresa chinesa Sinovac, que serão finalizados pelo instituto neste fim de semana, disse o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
"A vacina do Butantan com a Sinovac é a mais avançada entre os imunizantes neste momento em última etapa de testagem aqui no Brasil. Ela termina neste final de semana, e na segunda-feira os resultados já serão encaminhados integralmente para a Anvisa pelo Instituto Butantan", disse Doria em entrevista coletiva nesta quinta-feira em Taboão da Serra, na Grande São Paulo, onde acompanhou o início de testagem para coronavírus em alunos e profissionais da área de educação.
O Butantan já enviou à Anvisa documentos de estudos anteriores com a vacina da Sinovac realizados na China, como parte de um novo procedimento adotado pela agência regulatória para acelerar a análise de futuros pedidos de registros de vacina.
O mesmo procedimento também foi adotado para análise da vacina desenvolvida pela farmacêutica britânica AstraZeneca com a Universidade de Oxford, no Reino Unido, com a qual o governo federal firmou acordo de fornecimento por meio da Fundação Oswaldo Cruz.
Nenhuma das duas vacinas têm ainda aprovação regulatória junto à Anvisa, sem a qual não podem ser aplicadas na população.
O governador de São Paulo também comentou as tratativas do governo paulista com o Ministério da Saúde para a inclusão da vacina da Sinovac no programa nacional de imunização, após, na véspera, o ministro da pasta, general Eduardo Pazuello, se reunir com secretários estaduais—entre eles o de São Paulo, Jean Gorinchteyn—para tratar dos planos de vacinação e não incluir a vacina que está sendo testada pelo Butantan.
Doria lembrou que irá a Brasília na quarta-feira se reunir com Pazuello. Ele disse que irá acompanhado de parlamentares e que, na ocasião, espera solucionar o impasse. Gorinchteyn disse que o conselho de secretários estaduais de Saúde enviou ofício à pasta pedindo a inclusão da coronavac no programa.
"Vamos em missão de paz no dia 21, mas com a certeza de que nós desejamos ter a vacina, para os brasileiros de São Paulo e para os brasileiros do Brasil", disse Doria. "Não se coloca dúvidas sobre a questão científica da vacina", garantiu.
O governador, que é adversário político do presidente Jair Bolsonaro, disse que se não houver um acordo com o governo federal, a administração estadual tomará todas as medidas necessárias para poder vacinar a população de São Paulo.
"Não há hipótese do governo de São Paulo, e eu como governador, aceitar qualquer colocação postergatória, seja do Ministério da Saúde, seja da Anvisa, para não iniciar a vacinação o mais rapidamente possível", afirmou.
"Para salvar vidas, São Paulo usará todos os recursos necessários. Primeiro no entendimento, no diálogo republicano com o Ministério da Saúde e com a Anvisa, tecnicamente. Mas se isto não ocorrer, saberemos como utilizar mecanismos outros para fazer valer a vacina para os brasileiros, pelo menos os que vivem em São Paulo", assegurou.