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Restaurantes têm série de arrastões na zona oeste de SP

Os investigadores suspeitam que algum assaltante que já tenha sido preso esteja articulando os ataques

Vila Madalena: agentes investigam se os casos têm relação ou se foram praticados por diferentes grupos (Fernando Moraes/VEJA)

Vila Madalena: agentes investigam se os casos têm relação ou se foram praticados por diferentes grupos (Fernando Moraes/VEJA)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de junho de 2018 às 10h07.

São Paulo - Em um intervalo de 16 dias, ao menos três restaurantes sofreram arrastão na Vila Madalena e em Pinheiros, área boêmia da zona oeste de São Paulo. Os assaltos em sequência - à mão armada, em dia de semana e sempre à noite - ligaram o sinal de alerta da Polícia Civil, que havia tempos não registrava ocorrências assim na região. Os agentes investigam se os casos têm relação ou se foram praticados por diferentes grupos.

O ataque mais recente foi na quarta-feira: três bandidos armados invadiram o Chá Yê!, especializado em chá na Rua Fradique Coutinho, em Pinheiros, por volta das 23h40. Havia menos de dez clientes no local, segundo as investigações do 14.º Distrito Policial (Pinheiros).

Como em situações anteriores, os criminosos levaram celulares das vítimas. Para a Polícia Civil, o aparelho é o principal alvo, uma vez que a maior parte dos pagamentos é feita com cartão e os caixas não movimentam muito dinheiro em espécie. A reportagem esteve no restaurante, mas ninguém quis falar.

No dia 29, quatro assaltantes, pelo menos dois armados, dominaram clientes e funcionários do Mensa, restaurante recém-inaugurado na Rua Wisard, Vila Madalena. Eram 20h30. Um bandido teria entrado antes para solicitar um lugar. Depois, os outros chegaram e anunciaram o assalto. "Colocaram a arma em um funcionário e obrigaram a limpar o caixa", conta uma vítima.

Segundo testemunhas, os assaltantes estavam com o rosto à mostra - dois aparentavam ter entre 30 e 35 anos. A quadrilha fugiu logo após a ação. Em nota, o Mensa lamentou e disse que a equipe ficou "aliviada pelo fato de que ninguém tenha se machucado". Já foram tomadas, segundo o estabelecimento, medidas para aumentar a segurança.

A sequência de ataques começou na noite do dia 22, no Boca de Ouro, bar da Rua Cônego Eugênio Leite, em Pinheiros. Três bandidos entraram usando bonés e com o capuz do casaco levantado. Era um dia frio e havia cerca de 20 pessoas no local. Os assaltantes perguntaram se, entre os frequentadores, havia algum policial. Em menos de 5 minutos, roubaram cerca de R$ 200 do caixa, além de celular e joias. Ninguém reagiu, mas um cliente levou um empurrão. "Vamos jogar as bolsas na esquina", chegou a dizer um ladrão, antes de o bando fugir. Era mentira.

"Para a gente, a região estava tranquila, não havia nenhuma notícia de crime do tipo", afirma Renato Martins, proprietário do estabelecimento. "Por causa do assalto, instalamos câmeras em vários lugares e contratamos um segurança."

Em 23 de maio, um pedestre foi baleado após arrastão em um bairro próximo, a Vila Olímpia, zona sul. Em motos, quatro bandidos roubaram oito vítimas. Um foi pego em flagrante e outro teve prisão decretada.

Investigação

Só o Chá Yê! tinha sistema de monitoramento, segundo a Polícia Civil. Os investigadores suspeitam que algum assaltante que já tenha sido preso esteja articulando os ataques - no primeiro semestre de 2011 a região sofreu uma onda de arrastões. Por isso, testemunhas têm sido chamadas para analisar fotos de suspeitos que já foram fichados e fazer reconhecimento.

Uma das dificuldades, disseram os agentes ao Estado, é que nem todas as vítimas registram ocorrência ou vão ao distrito para contribuir com a investigação. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que 211 pessoas foram presas em flagrante na região este ano, e a Polícia Militar está intensificando o patrulhamento na área.

Depoimento

"Estávamos jantando entre amigas quando, por volta das 20h30, quatro homens, dos quais dois estavam armados, um com revólver e outro com uma pistola, entraram no restaurante", disse a vítima de um assalto, que preferiu não se identificar. "Os assaltantes pediram para que os funcionários deitassem no chão da cozinha e para que os clientes colocassem sobre a mesa carteiras e celulares e não reagissem".

"A ação deve ter sido rápida, mas o tempo demorou para passar. Não houve agressão física, mas ameaças verbais. Os ladrões passaram em todas as mesas levando pertences pessoais, limparam o caixa e roubaram bebidas", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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