Michel Temer, do PMDB: o vice-presidente foi escalado por Dilma Rousseff para comandar a distribuição de cargos no segundo escalão para acalmar divergências com o PMDB (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 30 de abril de 2015 às 14h45.
Brasília - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acusou nesta quinta-feira, 30, o PT de aparelhar o Estado e criticou a atuação do vice-presidente e correligionário Michel Temer à frente da coordenação política do governo.
"O pior papel que o PMDB pode fazer é substituir o PT naquilo que o PT tem de pior, que é no aparelhamento do Estado. O PMDB não pode transformar a coordenação política, sua participação no governo, em uma articulação de RH (Recursos Humanos), para distribuir cargos e boquinhas", afirmou Renan.
Temer foi escalado pela presidente Dilma Rousseff para comandar a distribuição de cargos no segundo escalão para acalmar o PMDB. Nas últimas semanas, o vice tem trabalhado para distribuir entre os membros da base aliada cargos como a presidência de autarquias e a direção de departamentos vinculados a ministérios.
Segundo Renan, Temer deveria trabalhar para melhorar a coalização que dá sustentação ao governo. "O papel é esse, não o retrocesso que essa distribuição de cargos significa", disse.
Apesar das críticas, Renan mantinha um aliado à frente do Ministério do Turismo até o último dia 15, quando perdeu o cargo para o PMDB da Câmara. Com Temer à frente da articulação política, o peemedebista também conseguiu emplacar nomes no segundo escalão, como o de Jorge Luiz Macedo Bastos na diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Questionado se ele iria pedir para os seus apadrinhados políticos deixarem os cargos, Renan desconversou. "O que não quero é participar do Executivo. Não vou indicar cargo no Executivo. Esse papel hoje é incompatível com o Senado independente. Prefiro manter a coerência do Senado independente não participando de forma nenhuma de indicação de cargos no Executivo", afirmou.