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Renan Calheiros renuncia à liderança do PMDB no Senado

A saída do comando da bancada se dá após o peemedebista discutir asperamente com o líder do governo na Casa, senador Romero Jucá (RR))

Brasília - O senador Renan Calheiros anuncia no plenário do Senado o seu afastamento da liderança do PMDB (Wilson Dias/Agência Brasil/Agência Brasil)

Brasília - O senador Renan Calheiros anuncia no plenário do Senado o seu afastamento da liderança do PMDB (Wilson Dias/Agência Brasil/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2017 às 17h20.

Última atualização em 28 de junho de 2017 às 19h47.

Brasília - O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou no plenário do Senado, nesta quarta-feira, 28, sua saída da liderança do PMDB, mas também aproveitou para fazer críticas ao governo. O peemedebista disse que "não irá ceder a Michel Temer" e que o presidente tem "postura covarde" diante dos direitos trabalhistas.

"Deixo a liderança do PMDB. Não seria jamais líder de papel, nem lideraria o PMDB contra trabalhadores e aposentados. Estou me libertando de uma âncora pesada e injusta. Permanecer na função seria ceder a um governo que trata o partido como um departamento do Poder Executivo e optou por massacrar os trabalhadores", anunciou Renan.

O senador aproveitou o momento para tornar a criticar a reforma trabalhista do governo. "Não tenho a menor vocação para marionete. O governo não tem legitimidade para conduzir essas reformas complexas que, ao invés de resolver o problema, agravam", afirmou.

Renan afirmou que defende as reformas e que o Brasil precisa atualizar as legislações trabalhista e previdenciária. Entretanto, o senador criticou aspectos dos projetos que, segundo ele, "cassa direitos dos trabalhadores".

"Votar a terceirização ampla e irrestrita sem passar pelo Senado e a reforma trabalhista sem que o Senado possa alterar uma linha é demais."

O senador afirma que deixou a liderança do PMDB ciente de que fez críticas e sugestões ao governo mas que, em sua opinião, mais ajuda o governante quem faz críticas do que elogios.

"Convencido de que o problema para o governo sou eu, me afasto da liderança. Vou exercer minha função com total independência", disse.

Delação

Renan reviveu em seu discurso a gravação do delator Sérgio Machado e do líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), e tornou a dizer que Michel Temer é influenciado, ainda hoje, pelo ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputado cassado que se encontra atualmente preso.

"Surgiu uma frase de Romero Jucá, que afirmou que o impeachment não saía porque eu, Renan, tinha certeza que o Eduardo Cunha mandaria no governo Michel Temer. Jucá disse que Eduardo Cunha estaria politicamente morto. Antes fosse assim. Foi um ledo engano. Eduardo Cunha permanece nomeando ministros, dando as ordens diretamente do presídio e apequenando um governo cuja República periclita nas suas mãos", afirmou.

Renan disse que, ao contrário do que dizem, ele "sinceramente" não detesta o presidente Michel Temer. "O que eu não tolero é sua postura covarde diante do desmonte da consolidação do trabalho", afirmou.

O peemedebista encerrou o discurso dizendo que deixava a liderança sem qualquer traço de ressentimento com os demais colegas de bancada.

A notícia da saída de Renan já era conhecida desde a manhã. Discursos contrários ao governo na noite dessa terça-feira fortaleceram a movimentação na bancada do PMDB para que o líder fosse afastado.

Após votação da reforma trabalhista na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), prevista para as próximas horas, senadores do PMDB vão se reunir para escolher novo líder.

A avaliação de Renan é de que ele é mais útil na oposição do que como aliado.

O peemedebista também avalia que, ao ter a imagem atrelada ao governo, pode enfrentar dificuldades para se reeleger ao Senado em 2018, uma vez que o presidente tem taxas extremamente altas de reprovação em Alagoas.

Uma reunião da bancada peemedebista está marcada para o fim da tarde de hoje. O nome preferido de Renan para substituí-lo é o de Jader Barbalho (PMDB-PA), considerado um aliado, mas que não se posiciona contra Temer por ser pai do ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho.

A saída do comando da bancada se dá após o peemedebista discutir asperamente com o líder do governo na Casa, senador Romero Jucá (RR), na sessão plenária de terça-feira, 27.

Na ocasião, Renan insinuou que poderia trocar integrantes do partido na Comissão de Constituição e Justiça (CC) para barrar a reforma trabalhista.

“Temer não tem confiança da sociedade para fazer essa reforma trabalhista na calada da noite, atropeladamente. Num momento em que o Ministério Público, certo ou errado, apresenta uma denúncia contra o presidente, não há como fazer uma reforma que pune a população”, afirmou ontem o peemedebista.

Após o discurso agressivo de Renan contra o governo, Jucá reagiu em defesa do presidente e ameaçou retirar o colega da liderança do partido.

Ontem mesmo o líder do governo começou a recolher assinaturas para destituir Renan do cargo. Segundo Jucá, 17 dos 22 senadores apoiam a reforma trabalhista.

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