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Renan Calheiros ataca Tasso, rival para presidência do Senado, no Facebook

Em uma publicação, o emedebista chama o tucano de “patrimonialista” e “tudo o que os brasileiros mostraram não querer mais”

Tasso e Calheiros: o governo Bolsonaro já afirmou que não apoiará o emedebista, mas também não confirmou apoio ao tucano (Wilson Dias/Agência Brasil)

Tasso e Calheiros: o governo Bolsonaro já afirmou que não apoiará o emedebista, mas também não confirmou apoio ao tucano (Wilson Dias/Agência Brasil)

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Clara Cerioni

Publicado em 4 de dezembro de 2018 às 12h20.

São Paulo — O senador Renan Calheiros (MDB-AL) usou suas redes sociais nesta segunda-feira (3) para atacar Tasso Jereissati (PSDB-CE), seu rival na disputa para comandar o Senado na próxima legislatura.

No texto, o emedebista chama o tucano de “patrimonialista” e “tudo o que os brasileiros mostraram não querer mais”.

"Se for contra o Tasso, deverei ganhar no PSDB, no PDT, no Podemos, no DEM. Aliás, essa hipótese dificilmente se viabilizará. Primeiro, porque as urnas deram ao MDB o direito de indicar o candidato. Segundo, porque Tasso continua patrimonialista (tudo que os brasileiros mostraram não querer mais)", escreveu o parlamentar.

O "direito" do MDB é uma referência à tradição no Senado de que o presidente da casa seja do partido com mais senadores: em 2019 será o MDB, com 12 representantes.

Renan critica ainda a postura de Tasso em um episódio durante a corrida eleitoral, alegando que o senador solicitou apoio do emedebista durante votação da manutenção do subsídio da indústria de refrigerante. A família de Jereissati é dona da franquia da Coca-Cola no Nordeste.

"Há três meses, eu estava cuidando da campanha em Alagoas e Tasso me ligou desesperadamente para que eu viesse a Brasília aprovar a manutenção do subsídio da indústria de refrigerante. Imagine: continua produzindo coca-cola e obrigando os cearenses a pagar 100% do custo da produção, inclusive da água, que nessa indústria representa 98%. E ainda querendo que o Senado continue a pagar o combustível do seu jato supersônico", continuou o senador.

Calheiros, que já presidiu o Senado por quatro vezes, ainda não confirmou se vai concorrer à eleição. Atualmente, ele enfrenta resistência dos outros parlamentares que buscam quebrar a hegemonia do MDB no comando da Casa — atualmente Eunício Oliveira, também emedebista, é o presidente.

"O MDB só indicará seu nome na undécima hora (31/01). No passado tivemos eleições que sequer foi preciso indica-lo, pois o nome se tornara consenso. Dos 12, eu sou o 1/12, e qualquer um pode ser candidato", disse na publicação.

A alternativa que se avalia entre os senadores é a de apoiar a candidatura de Tasso. O nome do tucano conta com a simpatia do senador eleito Cid Gomes (PDT-CE) e também do bloco PPS, PDT e Rede, que soma 14 senadores.

Resistência de Bolsonaro

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, já afirmou em diversas ocasiões que não apoiará a candidatura de Calheiros para o Senado.

Em entrevista nesta segunda-feira (3), Flávio Bolsonaro, filho de Jair, reforçou que "não há a menor condição de apoiar Renan Calheiros para a presidência do Senado". 

Segundo ele, que estará no Senado a partir de janeiro do ano que vem, Renan "precisa entender esse momento que o Brasil está vivendo" e que o perfil de um presidente do Senado "é uma pessoa ficha limpa, que conheça a Casa e que esteja alinhado com o perfil de renovação que o Brasil está pedindo".

Flávio questionou o que Renan teria a oferecer aos senadores, uma vez que não vai ter a máquina do governo ao seu lado. "Todos esses candidatos, com exceção do Renan, certamente têm tudo para chegar a uma convergência para fazer frente real a essa força do Renan Calheiros", disse, citando os nomes de Davi Alcolumbre (DEM-AP), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Alvaro Dias (Pode-PR) como possíveis presidentes da Casa. 

(Com agências)

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