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Recusa de ajuda em Brumadinho causa desconforto a militares

Os militares que estão disponíveis para ajudar nos resgates em Brumadinho aguardam ser acionados pelo governo de Minas Gerais

Brumadinho O governo de Minas Gerais recusou apoio das Forças Armadas e de bombeiros voluntários de São Paulo (Washington Alves/Reuters)

Brumadinho O governo de Minas Gerais recusou apoio das Forças Armadas e de bombeiros voluntários de São Paulo (Washington Alves/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de janeiro de 2019 às 10h57.

Última atualização em 29 de janeiro de 2019 às 11h45.

Brasília - "Estranheza" e "frustração" eram os sentimentos entre militares das Forças Armadas que estão de prontidão desde sexta-feira, dia 25, em Belo Horizonte, para serem empregados, em um primeiro momento, na ajuda à tentativa de salvamento de pessoas que poderiam estar em áreas isoladas ou em meio à lama, por causa do rompimento da Barragem em Brumadinho - e, depois, para auxiliar no resgate de corpos, na tentativa de diminuir o sofrimento dos que estão em busca de seus familiares.

"Colocamos todo o nosso contingente à disposição, desde sexta-feira, mas o governo de Minas não nos requisitou e tem justificado que a área é restrita, sensível e que há pouco espaço para manobra", declarou ao jornal O Estado de S. Paulo o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, ao ser questionado sobre o porquê de os soldados da Marinha, do Exército e da Aeronáutica não estarem participando da linha de frente dos trabalhos em Minas. "Desde o início colocamos toda a nossa tropa à disposição", declarou.

Em São Paulo, o porta-voz do Planalto, general Otávio do Rego Barros, reiterou que mil homens do Exército estão de prontidão para serem empregados, tão logo o governo de Minas Gerais solicite apoio e que eles entrarão em operação imediatamente.

Os militares das Forças Armadas só podem agir se forem acionados pelo governo do Estado. O governo local está usando três helicópteros das tropas federais e os militares estão dando apoio às tropas israelenses que chegaram para ajudar na operação.

O deputado reeleito Flávio Ramalho (MDB-MG), candidato a presidente da Câmara, também se mostrou surpreso com o fato de os militares das Forças Armadas não estarem sendo empregados na operação de salvamento e de resgate das vítimas.

"Toda ajuda é sempre muito bem vinda", disse o deputado, ao comentar que vai entrar em contato com o Corpo de Bombeiros local para saber o que aconteceu para o pessoal do Exército não estar participando dos trabalhos.

"Penso que já deveriam ter usado (o pessoal das três Forças). Eu penso que a ajuda dos homens do Exército, da Marinha e da Aeronáutica é muito importante nesta hora. Eles têm experiência. O momento é de unir forças", declarou o deputado, que fez questão de elogiar a "agilidade" e "presteza" do governo federal e do presidente Jair Bolsonaro, em colocar todos os meios à disposição e empregá-los, no apoio à população de Minas.

"O governo teve sensibilidade, foi muito solidário e, em nome da bancada de Minas Gerais, quero agradecer por o governo não ter medido esforços para ajudar os mineiros. O deputado reiterou ainda que ia ver o que aconteceu para as Forças Armadas não terem sido empregadas. "Não sei o motivo", resumiu.

O governo de Minas Gerais recusou apoio não só das Forças Armadas, mas também de bombeiros voluntários de São Paulo, que também se oferecem para ajudar, mas teriam sido impedidos pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais de ajudar nas buscas pelas vítimas da tragédia em Brumadinho.

"O Coronel Almeida disse que o Corpo de Bombeiros não precisa de voluntários, que só o pessoal dele dá conta, porque, inclusive, existe risco de contaminação. Por isso, ele nos deu duas horas para ir embora", contou o Comandante Santos em entrevista à Jovem Pan.

Segundo o Comandante, a ajuda do grupo foi solicitada pela Defesa Civil de Minas Gerais. "Percebemos que tem uma briga entre a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros. A Defesa Civil nos recebeu muito bem, nos tratou muito bem, o pessoal da Vale nos deu um tratamento irrepreensível", contou.

A justificativa do Corpo de Bombeiros é que apenas militares podem atuar na chamada "área quente", onde as buscas estão sendo feitas, por risco de contaminação e, por isso, o grupo de voluntários não seria útil.

O ministro Azevedo e Silva era comandante Militar do Leste quando houve o desastre em Mariana e auxiliou nos trabalhos às vítimas do Estado naquela época. Ele acompanhou o presidente Jair Bolsonaro no sobrevoo e visita às áreas atingidas, no sábado, 26.

O ministro evita polemizar sobre o emprego das tropas, agora, em Minas. Ao ser questionado dos motivos pelos quais as tropas federais não foram solicitadas, ele insistiu que o pessoal foi colocado à disposição na sexta-feira e os mil homens continuam prontos para serem empregados. "Estamos prontos. Só dependemos do pedido deles", finalizou.

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