Radical de esquerda é agora guru político de Crivella
O cientista político César Benjamin, de 60 anos, foi apresentado em programa eleitoral desta semana como um dos elaboradores do programa de governo
Da Redação
Publicado em 23 de outubro de 2014 às 08h57.
Rio - Guerrilheiro na ditadura, ex-preso político, fundador do PT , candidato à vice-presidente da República na chapa de Heloísa Helena (em 2006, pelo PSOL, legenda que também ajudou a fundar) e, agora, "guru político" da campanha do senador Marcelo Crivella (PRB) ao governo do Rio.
O cientista político César Benjamin, de 60 anos, conhecido por coordenar campanhas e escrever programas de governo - um exemplo é a primeira candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, em 1989 -, é quem dita os rumos na tentativa do ex-ministro da Pesca de reverter o quadro sobre o atual governador e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Com participação restrita aos bastidores até agora, o ex-guerrilheiro foi apresentado em programa eleitoral desta semana como um dos elaboradores do programa de governo de Crivella - uma resposta aos programas de Pezão que associam o senador à Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o ex-ministro afirma ser bispo licenciado.
Após mostrar Benjamin e outros nomes do estafe, o locutor pergunta: "Tem alguém da igreja aí?".
Marqueteiro de Crivella, o publicitário Lula Vieira descreve Benjamin como o "guru político" da campanha. No fim de setembro, Benjamin redigiu o texto de um anúncio publicado na imprensa fluminense com o título "Salvar o Rio" e o pedido de votos em Crivella.
Assinado pelo ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Carlos Lessa, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães e os economistas José Carlos de Assis e Darc Costa, entre outros, o texto redigido por Benjamin trazia o seguinte trecho: "Não somos políticos. Falamos tão somente em nome do nosso patriotismo, das nossas histórias de vida, do nosso compromisso com o Brasil".
Nesta semana, todos os colaboradores da campanha foram exibidos por Crivella no horário eleitoral com a descrição: "Veja quem fez o plano do governo de Crivella e vai ajudá-lo a governar".
Mensagens
Mentor intelectual da campanha, Benjamin tem ido diariamente à produtora responsável pela produção dos vídeos veiculados pela propaganda de Crivella.
Na semana passada, em sua página pessoal no Facebook, o cientista político voltou a pedir votos para o senador.
Em um post recente, explicou sua linha de pensamento: "Ele (Crivella) é evangélico. Eu não. Temos diferenças. O que temos em comum é algo que a quase totalidade da esquerda brasileira perdeu: a busca da coerência entre a palavra e o gesto, entre o discurso e a vida", escreveu Benjamin.
No mesmo post, contou ter ajudado nos últimos anos Crivella em sua atuação no Senado, ressaltando que o fez de modo "informal, não remunerada". A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo tenta desde segunda-feira conversar com Benjamin, que não retornou as ligações.
'Cesinha'
Ainda adolescente, Benjamin integrou a luta armada após o Ato Institucional n.º 5 (AI-5), em 1968, que restringiu os direitos civis no País durante a ditadura militar. "Cesinha", como era conhecido na época, foi preso aos 17 anos, torturado e expulso do País aos 22. Voltou do exílio e, aos 26 anos, ajudou a fundar o PT.
Após coordenar a primeira tentativa de Lula de chegar ao Palácio do Planalto, em 1989, o ex-guerrilheiro deixou o partido em 1994 por discordar do financiamento de campanha petista. Tornou-se, então, um crítico contumaz do PT, ajudou a fundar o PSOL, concorreu com Heloísa Helena e se desfiliou também da nova legenda em 2006.
Três anos depois, Benjamin causou polêmica ao escrever um artigo para a Folha de S. Paulo em que dizia que Lula lhe havia confidenciado ter tentado violentar um companheiro de cela durante a ditadura. O ex-presidente sempre negou a história. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
Rio - Guerrilheiro na ditadura, ex-preso político, fundador do PT , candidato à vice-presidente da República na chapa de Heloísa Helena (em 2006, pelo PSOL, legenda que também ajudou a fundar) e, agora, "guru político" da campanha do senador Marcelo Crivella (PRB) ao governo do Rio.
O cientista político César Benjamin, de 60 anos, conhecido por coordenar campanhas e escrever programas de governo - um exemplo é a primeira candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, em 1989 -, é quem dita os rumos na tentativa do ex-ministro da Pesca de reverter o quadro sobre o atual governador e candidato à reeleição, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Com participação restrita aos bastidores até agora, o ex-guerrilheiro foi apresentado em programa eleitoral desta semana como um dos elaboradores do programa de governo de Crivella - uma resposta aos programas de Pezão que associam o senador à Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o ex-ministro afirma ser bispo licenciado.
Após mostrar Benjamin e outros nomes do estafe, o locutor pergunta: "Tem alguém da igreja aí?".
Marqueteiro de Crivella, o publicitário Lula Vieira descreve Benjamin como o "guru político" da campanha. No fim de setembro, Benjamin redigiu o texto de um anúncio publicado na imprensa fluminense com o título "Salvar o Rio" e o pedido de votos em Crivella.
Assinado pelo ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Carlos Lessa, o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães e os economistas José Carlos de Assis e Darc Costa, entre outros, o texto redigido por Benjamin trazia o seguinte trecho: "Não somos políticos. Falamos tão somente em nome do nosso patriotismo, das nossas histórias de vida, do nosso compromisso com o Brasil".
Nesta semana, todos os colaboradores da campanha foram exibidos por Crivella no horário eleitoral com a descrição: "Veja quem fez o plano do governo de Crivella e vai ajudá-lo a governar".
Mensagens
Mentor intelectual da campanha, Benjamin tem ido diariamente à produtora responsável pela produção dos vídeos veiculados pela propaganda de Crivella.
Na semana passada, em sua página pessoal no Facebook, o cientista político voltou a pedir votos para o senador.
Em um post recente, explicou sua linha de pensamento: "Ele (Crivella) é evangélico. Eu não. Temos diferenças. O que temos em comum é algo que a quase totalidade da esquerda brasileira perdeu: a busca da coerência entre a palavra e o gesto, entre o discurso e a vida", escreveu Benjamin.
No mesmo post, contou ter ajudado nos últimos anos Crivella em sua atuação no Senado, ressaltando que o fez de modo "informal, não remunerada". A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo tenta desde segunda-feira conversar com Benjamin, que não retornou as ligações.
'Cesinha'
Ainda adolescente, Benjamin integrou a luta armada após o Ato Institucional n.º 5 (AI-5), em 1968, que restringiu os direitos civis no País durante a ditadura militar. "Cesinha", como era conhecido na época, foi preso aos 17 anos, torturado e expulso do País aos 22. Voltou do exílio e, aos 26 anos, ajudou a fundar o PT.
Após coordenar a primeira tentativa de Lula de chegar ao Palácio do Planalto, em 1989, o ex-guerrilheiro deixou o partido em 1994 por discordar do financiamento de campanha petista. Tornou-se, então, um crítico contumaz do PT, ajudou a fundar o PSOL, concorreu com Heloísa Helena e se desfiliou também da nova legenda em 2006.
Três anos depois, Benjamin causou polêmica ao escrever um artigo para a Folha de S. Paulo em que dizia que Lula lhe havia confidenciado ter tentado violentar um companheiro de cela durante a ditadura. O ex-presidente sempre negou a história. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo