Quem sai de casa para trabalhar tem o triplo de chances de ter covid-19
Estudo feito pela prefeitura de São Paulo mostra que 80% do total de infectados na cidade não entraram nas estatísticas oficiais
Clara Cerioni
Publicado em 13 de agosto de 2020 às 15h08.
Última atualização em 13 de agosto de 2020 às 15h13.
A quarta etapa do inquérito sorológico da covid-19 realizado pela prefeitura de São Paulo mostra que quem sai de casa para trabalhar tem três vezes mais chances de se infectar com o coronavírus. A pesquisa tem o objetivo de identificar o tamanho na pandemia na cidade. Os resultados desta fase foram divulgados nesta quinta-feira, 13.
De acordo com o estudo, 18,5% das pessoas que trabalham fora de casa já tiveram a doença, enquanto esta taxa é de 6,2% para aqueles que fazem o teletrabalho, ou o chamado home office .O valor também é alto entre desempregados (12,7%).
"Isso revela que provavelmente quem trabalha fora se expõe e quem é desempregado sai em busca de trabalho", comentou Edjane Torreão, secretária-adjunta de Saúde.
A pesquisa ainda mostra que a taxa de prevalência de infectados na cidade é de 10,9%. Ou seja, considerando a população de 12,25 milhões de pessoas, 1,3 milhão já tiveram a covid-19 na capital paulista. Nas três etapas anteriores, este número ficou dentro do mesmo patamar.
Isso significa também que 80% dos infectados da cidade não entraram nas estatísticas oficiais. De acordo com o último boletim divulgado pela prefeitura, o município tem um total de 258.481 casos confirmados da doença e 10.422 mortes.
"Os números das outras fases, estatisticamente, mostram uma estabilidade da doença na cidade de São Paulo. Mesmo depois de dois meses de reabertura e de flexibilização da economia, a gente mantém os mesmos índices de prevalência", disse o prefeito Bruno Covas (PSDB) em entrevista coletiva nesta quinta-feira.
Outro dado da pesquisa revela que pessoas negras e que moram na periferia também têm mais chances de contrair a doença. Do total de negros que participaram do teste, 14,8% deram positivo para a covid-19. Na população branca, este número é de 8%.
Em relação à renda, 14,3% das classes D e E já tiveram a doença. E somente 4,7% das classes A e B foram infectados.
Metodologia
A primeira fase do inquérito sorológico foi feito em junho, quando 5.664 pessoas foram testadas. Na segunda etapa, o número de pessoas subiu para 5.772. Na terceira e nesta quarta fase foram 5.760.
O teste feito é o chamado imunocromatográfico, que tem uma taxa de confiabilidade de 99%. Ele identifica pessoas que têm o anticorpo da covid-19, ou seja, já contraíram a doença em algum momento.
Todos os testados foram determinados por sorteio e distribuídos nas 472 Unidades Básicas de Saúde da cidade. Ao todo, o estudo terá nove etapas.