Queimadas na África mudam cor do céu de Fortaleza; veja imagens
Diferentemente do esperado, queimadas na Amazônia não chegaram ao Ceará pela posição e circulação dos ventos
Naiara Albuquerque
Publicado em 29 de agosto de 2019 às 15h48.
Última atualização em 29 de agosto de 2019 às 16h07.
Partículas de fumaça de queimadas, que ocorrem no centro e o sul da África , chegaram ao Brasil e mudaram a cor do céu no norte do Ceará , em Fortaleza, nesta semana. O fenômeno foi documentado e registrado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Em nota, Raul Fritz, meteorologista da Funceme, explica que o fenômeno pode ser explicado pela presença de parte das partículas e gases das queimadas da África que estão atravessando todo o oceano Atlântico Sul e chegando até o litoral do Ceará, no Brasil.
Fritz explica que a mudança só pôde ser explicada a partir das informações e dados do Serviço de Monitoramento da Atmosfera pelo Programa Copernicus (CAMS). “Foi possível comprovar que aerossóis (partículas sólidas suspensas na atmosfera) resultantes da queima de biomassa na África estavam, em determinados momentos, conseguindo chegar no Ceará, principalmente no norte do estado”, explica o pesquisador.
Os aerossóis, explicaFritz, têm chegado em uma concentração menor devido a longa distância percorrida entre o continente africano e o Brasil. A Funceme também notou que a mudança ocorreu de forma mais abrupta durante o pôr-do-sol.
“No monitoramento do movimento do monóxido de carbono (CO) liberado pelas queimadas na atmosfera, feito pela National Aeronautics and Space Administration (Nasa), é possível observar esse gás chegando no norte do Nordeste vindo da África”, afirma Fritz, em nota.
Queimadas na Amazônia
De acordo com o meteorologista, as queimadas que estão acontecendo na região da Amazônia não influenciaram o céu do Ceará pela posição e circulação dos ventos. Diferente do que se observa em relação ao continente africano, as partículas geradas pelas queimadas na Amazônia, que não chegam ao Ceará devido à circulação dos ventos.
“Ela [circulação] teria que ser contrária a que se apresenta atualmente. Já da África, a gente vê o movimento deles [aerossóis] se dá em nossa direção, ou seja, com propagação de leste para oeste”, explica o meteorologista da Funceme.
Dia que virou noite
Em São Paulo, no último dia 19 de agosto, uma mudança brusca na cor do céu também surpreendeu muitas pessoas e especialistas que chamaram o fenômeno de "dia que virou noite".
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), tudo não passava de uma nuvem muito baixa e profunda. Para o Climatempo, as queimadas e as fumaças nos estados do Acre e Rondônia e na Bolívia, chegou a São Paulo graças a ação dos ventos.