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Qual Rio turistas olímpicos conhecerão? Depende do ingresso

Visitantes do Rio podem ir embora com impressões muito diferentes da cidade dependendo dos eventos que escolherem assistir

Contraste da Olimpíada do Rio de Janeiro: o Rio de Janeiro tem sido criticado por adotar medidas para mascarar partes menos nobres da cidade (Mario Tama/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2016 às 17h35.

As notícias desastrosas sobre os preparativos do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos 2016 têm sido bem documentadas.

Mas mesmo que a economia do Brasil tivesse conseguido evitar a recessão e que as autoridades tivessem cumprido todas as suas metas em termos de infraestrutura, os visitantes ainda chegariam a uma cidade que oferece versões completamente diferentes de si mesma.

As 32 instalações olímpicas do Rio estão espalhadas por bolsões de riqueza e de pobreza extrema, ao longo de sua famosa praia de Copacabana e em bairros onde a taxa de homicídios é até oito vezes maior que nos EUA.

Os visitantes do Rio podem ir embora com impressões muito diferentes da cidade dependendo dos eventos que escolherem assistir.

Desde que foi escolhido como sede da Olimpíada, em 2009, o Rio de Janeiro tem sido criticado por adotar medidas para mascarar partes menos nobres da cidade.

Os sem-teto que ocupavam um edifício abandonado foram despejados pela polícia.

Alguns moradores de favela que moravam perto de instalações olímpicas viram suas casas serem demolidas para darem lugar a novas ruas.

Outras favelas foram escondidas na paisagem. As autoridades têm negado que a barreira acústica erguida na principal rodovia de acesso ao aeroporto sirva, na verdade, para esconder de turistas e atletas a vista da enorme favela que está ao lado da via.

As medidas lembram os esforços empreendidos pelo governo chinês para esconder bairros pobres atrás de muros e fechar fábricas para reduzir a poluição do ar antes dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

Mas não há camuflagem que possa esconder a diversidade dos bairros da cidade.

Os organizadores agruparam as disputas em quatro “zonas de competição”, que se estendem por bairros que vão dos mais ricos e brancos às áreas mais diversas de classes baixa e média.

Os dados mais recentes que permitem uma análise por bairro são do censo de 2010, mas esses números ainda refletem a ampla desigualdade de renda que persiste até hoje na cidade.

Algumas das competições de maior destaque do evento, incluindo atletismo e as cerimônias de abertura e encerramento, serão realizados nas áreas decididamente de classes baixa e média da cidade.

Mas mais da metade dos eventos ocorrerá na Barra da Tijuca, uma rica e planejada região desenvolvida nos anos 1970. Com sua abundância de espaços abertos, condomínios fechados, shopping centers, restaurantes e avenidas largas, a Barra lembra mais os bairros americanos do que o restante do Rio.

No entanto, os visitantes podem ter uma experiência muito diferente. Fãs de rúgbi ou rafting, por exemplo, vão circular longe de distritos de praia que são moda na cidade.

O bairro de Vila Militar, que abriga a maior concentração de eventos após a Barra, é dominado pela presença de uma grande base militar e rodeado por alguns dos bairros mais pobres e mais perigosos da cidade.

A taxa total de homicídios do Rio é mais do que o triplo do que nos EUA, o que na verdade representa progresso em comparação a 20 anos atrás, quando a taxa de homicídios era quatro vezes maior do que é agora.

A Vila Militar é vista como sendo relativamente segura em comparação com o resto da cidade. Sua delegacia inclui Realengo e outros bairros onde o crime é mais prevalente.

Visitantes de Copacabana devem tomar cuidado de outro crime: roubo. Todos os anos, uma em cada 22 pessoas, em média, tem algo roubado.

A explicação é bastante simples: o bairro é um dos mais populares entre os turistas, que, muitas vezes, se descuidam em proteger seus objetos de valor, enquanto passeiam pelas ruas ou relaxam em sua famosa praia.

Como as instalações olímpicas estão espalhadas pelo Rio, os visitantes de primeira viagem podem contar com seus itinerários olímpicos para conhecer a diversidade da cidade.

Os turistas que verão a cerimônia de abertura, a linha de chegada da maratona ou algum dos eventos de menor destaque, como ciclismo mountain biking e canoagem slalom, terão um quadro mais completo da cidade, com seus defeitos e tudo o mais.

Enquanto isso, aqueles que escolherem ficar na Barra o tempo todo devem ser perdoados por pensar que desembarcaram em um bairro chique de Miami.

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As notícias desastrosas sobre os preparativos do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos 2016 têm sido bem documentadas.

Mas mesmo que a economia do Brasil tivesse conseguido evitar a recessão e que as autoridades tivessem cumprido todas as suas metas em termos de infraestrutura, os visitantes ainda chegariam a uma cidade que oferece versões completamente diferentes de si mesma.

As 32 instalações olímpicas do Rio estão espalhadas por bolsões de riqueza e de pobreza extrema, ao longo de sua famosa praia de Copacabana e em bairros onde a taxa de homicídios é até oito vezes maior que nos EUA.

Os visitantes do Rio podem ir embora com impressões muito diferentes da cidade dependendo dos eventos que escolherem assistir.

Desde que foi escolhido como sede da Olimpíada, em 2009, o Rio de Janeiro tem sido criticado por adotar medidas para mascarar partes menos nobres da cidade.

Os sem-teto que ocupavam um edifício abandonado foram despejados pela polícia.

Alguns moradores de favela que moravam perto de instalações olímpicas viram suas casas serem demolidas para darem lugar a novas ruas.

Outras favelas foram escondidas na paisagem. As autoridades têm negado que a barreira acústica erguida na principal rodovia de acesso ao aeroporto sirva, na verdade, para esconder de turistas e atletas a vista da enorme favela que está ao lado da via.

As medidas lembram os esforços empreendidos pelo governo chinês para esconder bairros pobres atrás de muros e fechar fábricas para reduzir a poluição do ar antes dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

Mas não há camuflagem que possa esconder a diversidade dos bairros da cidade.

Os organizadores agruparam as disputas em quatro “zonas de competição”, que se estendem por bairros que vão dos mais ricos e brancos às áreas mais diversas de classes baixa e média.

Os dados mais recentes que permitem uma análise por bairro são do censo de 2010, mas esses números ainda refletem a ampla desigualdade de renda que persiste até hoje na cidade.

Algumas das competições de maior destaque do evento, incluindo atletismo e as cerimônias de abertura e encerramento, serão realizados nas áreas decididamente de classes baixa e média da cidade.

Mas mais da metade dos eventos ocorrerá na Barra da Tijuca, uma rica e planejada região desenvolvida nos anos 1970. Com sua abundância de espaços abertos, condomínios fechados, shopping centers, restaurantes e avenidas largas, a Barra lembra mais os bairros americanos do que o restante do Rio.

No entanto, os visitantes podem ter uma experiência muito diferente. Fãs de rúgbi ou rafting, por exemplo, vão circular longe de distritos de praia que são moda na cidade.

O bairro de Vila Militar, que abriga a maior concentração de eventos após a Barra, é dominado pela presença de uma grande base militar e rodeado por alguns dos bairros mais pobres e mais perigosos da cidade.

A taxa total de homicídios do Rio é mais do que o triplo do que nos EUA, o que na verdade representa progresso em comparação a 20 anos atrás, quando a taxa de homicídios era quatro vezes maior do que é agora.

A Vila Militar é vista como sendo relativamente segura em comparação com o resto da cidade. Sua delegacia inclui Realengo e outros bairros onde o crime é mais prevalente.

Visitantes de Copacabana devem tomar cuidado de outro crime: roubo. Todos os anos, uma em cada 22 pessoas, em média, tem algo roubado.

A explicação é bastante simples: o bairro é um dos mais populares entre os turistas, que, muitas vezes, se descuidam em proteger seus objetos de valor, enquanto passeiam pelas ruas ou relaxam em sua famosa praia.

Como as instalações olímpicas estão espalhadas pelo Rio, os visitantes de primeira viagem podem contar com seus itinerários olímpicos para conhecer a diversidade da cidade.

Os turistas que verão a cerimônia de abertura, a linha de chegada da maratona ou algum dos eventos de menor destaque, como ciclismo mountain biking e canoagem slalom, terão um quadro mais completo da cidade, com seus defeitos e tudo o mais.

Enquanto isso, aqueles que escolherem ficar na Barra o tempo todo devem ser perdoados por pensar que desembarcaram em um bairro chique de Miami.

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