Quadrilha tinha gabarito do Enem antes da prova, diz PF
A ação, divulgada neste domingo, mostra a quadrilha informando as respostas para candidatos, por ponto eletrônico
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de novembro de 2016 às 07h27.
Última atualização em 14 de novembro de 2016 às 08h42.
Brasília - Um grupo de Minas que vazou o gabarito de provas de Ciências Humanas e Ciências da Natureza do Exame Nacional de Ensino Médio ( Enem ) foi descoberto em investigações conjuntas feitas pela Polícia Federal e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
A ação, divulgada neste domingo pelo Fantástico da TV Globo, mostra a quadrilha informando as respostas para candidatos, por ponto eletrônico. Todo o gabarito foi ditado em menos de 7 minutos.
O ministro da Educação, Mendonça Filho, afirmou que as fraudes descobertas não colocam em risco o Enem.
"O calendário está mantido. As (descobertas de) fraudes são resultado de uma ação de inteligência articulada entre PF e Inep. Os responsáveis serão punidos e os candidatos envolvidos na ação fraudulenta, excluídos."
De acordo com o delegado que conduziu as investigações, Marcelo Freitas, a quadrilha teria uma atuação em 3 Estados. Duas pessoas foram presas.
O pagamento pelo gabarito variava entre R$ 40 mil e R$ 50 mil. De acordo com a denúncia, um dos candidatos dispostos a fraudar o Enem foi Antônio Rodrigues, ex-secretário municipal de Alto Santo (CE), que disputava uma vaga de Medicina.
Trata-se do segundo vazamento divulgado somente no exame deste ano. Semana passada, foram identificadas fraudes no Amapá e no Ceará.
Na operação, 14 pessoas foram presas. Com um dos candidatos foram encontrados o tema e o texto da redação pronto para ser transcrito.
Esse mesmo candidato recebeu o gabarito por celular. A exemplo da fraude divulgada nesta semana, o candidato utilizou um ponto eletrônico.
As investigações de PF e Inep estão concentradas em dois grupos, cuja atuação ocorre nas Regiões Norte e Nordeste. Eles são acompanhados há alguns meses.
De acordo com integrantes do Inep, a estratégia consistia em monitorar os suspeitos até a prova, para que fosse possível realizar o flagrante e chegar a outros envolvidos.
Matrícula
As investigações levam também a fraudes ocorridas em outras edições do Enem. Está prevista para esta semana uma operação para cancelar a matrícula de um estudante de Medicina que teria também fraudado o exame e estaria cursando Medicina em uma faculdade do Sudeste.
O aluno ingressou no curso pelo sistema público de seleção (Sisu). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.