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PUC-Rio vai investigar casos de racismo envolvendo estudantes de Direito

Estudantes denunciam que torcida da universidade teria jogado cascas de banana e gritado "macaca" para atletas de times adversárias em jogos universitários

PUC-Rio: relatório será elaborado pela comissão da universidade em 15 dias (PUC/Divulgação)

PUC-Rio: relatório será elaborado pela comissão da universidade em 15 dias (PUC/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de junho de 2018 às 16h02.

A Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro criou uma comissão nesta segunda-feira, 4, para apurar atos de racismo que teriam ocorrido no sábado e no domingo, dias 2 e 3, durante os Jogos Jurídicos Estaduais, em Petrópolis (RJ).

Relatos de estudantes nas redes sociais denunciam que a torcida da PUC-Rio teria jogado cascas de banana e gritado "macaca" para atletas de universidades adversárias. Os jogos jurídicos reúnem estudantes de Direito do Estado do Rio de Janeiro. Um relatório será elaborado pela comissão em 15 dias.

"Após tomar conhecimento, pelas redes sociais, de informações sobre atos de racismo possivelmente ocorridos durante os jogos jurídicos, a Vice-Reitoria para Assuntos Comunitários e o Departamento de Direito da PUC-Rio decidiram constituir Comissão Disciplinar para averiguação das informações e, caso confirmada a veracidade, a apuração e individualização das responsabilidades de membros do corpo discente", afirmaram em nota o vice-reitor comunitário Augusto Sampaio e o diretor do Departamento de Direito Francisco de Guimaraens.

Procurado, o Diretório Central de Estudantes (DCE) da PUC-Rio disse que está apurando as denúncias e não vai se manifestar até ter mais detalhes sobre os casos.

A comissão disciplinar será composta por Breno Melaragno, professor de Direito Penal, Job Gomes, professor de Direito do Trabalho e de Direito Desportivo, e Thula Pires, coordenadora do NIREMA (Núcleo Interdisciplinar de Reflexão e Memória Afrodescendente) e professora de Direito Constitucional.

No texto divulgado, a PUC-Rio defende que o racismo é uma "violência que ainda corrói a sociedade brasileira" e que "deve ser enfrentado por medidas repressivas e inclusivas". A universidade destaca que combate manifestações de racismo com "punições disciplinares"."Preservaremos o esforço de contínua melhoria das políticas de promoção da diversidade e da igualdade racial em nossa Universidade", disse a instituição.

Segundo o movimento Jogos Sem Racismo, campanha organizada por universitários atletas de universidades do Rio, neste domingo, 3, a delegação da PUC - Rio foi protagonista de dois episódios de racismo. "No primeiro, após um jogo de Basquete Masculino, membros da delegação da PUC-Rio imitaram macacos para ofender estudantes da UERJ. Já o segundo consistiu em uma injúria racial destinada a uma atleta da UFF, em que membros da delegação da PUC - Rio chamaram-na de 'macaca' ", informou em nota divulgada no início da tarde desta segunda.

Neste sábado, 2, o movimento relatou que um jogador negro da Universidade Católica de Petrópolis (UCP) teria sido alvo de cascas de banana por uma componente da delegação da PUC-Rio. Os integrantes do coletivo Jogos Sem Racismo afirma ter solicitado à Liga Jurídica Estadual - organizadora dos jogos - uma punição.

"Acordamos no dia seguinte com a notícia de que, diante de um crime, a Liga havia punido a Atlética da PUC - Rio apenas com o compromisso de elaboração de uma breve nota, o pagamento de uma multa irrisória de R$500,00 e a suspensão da torcida", disse o movimento..

Diante dos episódios, o Jogos Sem Racismo, além dos coletivos negros Patrice Lumumba (UERJ), Caó (UFF) e Cláudia Silva Ferreira (UFRJ), pedem que os Jogos Jurídicos não tenham um campeão geral, que a PUC-Rio esteja suspensa pelo período de um ano - sendo afastada dos Jogos Jurídicos Estaduais de 2019 - e que a Atlética da PUC-Rio e a Liga se comprometam a realizar campanhas antirracistas para as torcidas.

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