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PT avalia Luiza Trajano para compor chapa com Haddad

Vice-presidente nacional do partido diz que presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza faria uma "superchapa" com Fernando Haddad

Luiza Helena: resultados recordes e dedicação à causa das mulheres (Paulo Lopes/Folhapress/FuturaPress)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de fevereiro de 2021 às 14h52.

Última atualização em 20 de fevereiro de 2021 às 14h53.

A empresária Luiza Trajano , de 69 anos, presidente do Conselho de Administração da Magazine Luiza , se consolidou como uma voz do meio empresarial com forte influência entre dois dos potenciais candidatos ao Palácio do Planalto em 2022: o apresentador de TV Luciano Huck e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Ao mesmo tempo, por ter um perfil considerado progressista que atrai partidos como PT e PSB , é vista por líderes petistas como o novo nome do "capital” que poderia compor uma chapa presidencial nos moldes da dobradinha eleita em 2002, entre Luiz Inácio Lula da Silva e José Alencar - que tentou ser repetida na eleição passada com o filho do empresário mineiro, Josué Gomes da Silva.

Luiza Trajano ainda não recebeu convite formal para entrar na vida partidária e nega que tenha pretensões eleitorais, mas, mesmo assim, viu seu nome entrar com força também no radar das articulações que buscam um(a) "outsider" para a próxima disputa presidencial.

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Amiga e interlocutora de Huck e Doria, a empresária mantém uma militância múltipla e intensa. Foi fundadora e lidera simultaneamente os movimentos "Mulheres pelo Brasil", com bandeiras feministas e "Unidos pela Vacina", além de atuar no Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), entidade que fundou ao lado do empresário Flávio Rocha, da Riachuelo.

A empresária é ainda uma ardorosa defensora das cotas e ganhou destaque na mídia no ano passado ao lançar um programa de trainee no Magazine Luiza exclusivo para negros.

Durante a pandemia, Luiza Trajano foi personagem recorrente em debates virtuais e presenciais que discutiram o cenário nacional. Participou de conversas reservadas promovidas por Huck - que é o principal garoto propaganda da rede Magalu - e levou um grupo de 20 mulheres para um almoço no Palácio dos Bandeirantes com o governador paulista, com quem convive desde 2008. Naquele ano ela ajudou a criar o Lide Mulher, braço feminino do Grupo de Líderes Empresariais, organização criada pelo hoje tucano.

‘Mercado interno’. As bandeiras de Luiza Trajano contra o racismo estrutural, em defesa das mulheres e pró-vacina conquistaram a simpatia de setores da esquerda que também buscam nomes para uma composição em 2022. Há no PT, por exemplo, quem considere a empresária uma ponte com o setor produtivo como foram José Alencar, vice-presidente de Lula, e seu filho, Josué.

"Precisamos nos reconectar com o empresariado que tem relação com o mercado interno e com o eleitor de centro, para formar maioria, ganhar e governar", disse o vice-presidente nacional do partido, Washington Quaquá. Segundo ele, Luiza Trajano compõem perfeitamente este perfil. "Acho uma super chapa: Haddad/Luiza Trajano."

Durante o governo Dilma, Luiza Trajano - que está à frente de uma das maiores empresas varejistas do País - foi uma conselheira e amiga da presidente, e defendeu publicamente a petista contra o movimento pelo impeachment.

Pelas redes sociais, a empresária afirmou que não é candidata e que não foi procurada por nenhum partido político até o momento. Sua atuação, porém, vem chamando atenção de siglas e causado debates entre atores políticos de diferentes matizes ideológicos.

Carol Dartora (PT), primeira vereadora negra de Curitiba, considera a empresária um quadro de bandeira "progressista" na política. "Eu não chegaria a tanto de dizer que Luiza Trajano é uma progressista, mas é uma humanista e tem uma visão social importante", disse a deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP).

"Há um movimento que não é de hoje para tentar convencer a Luiza a disputar a Presidência da República. Ela transita muito bem em todas as áreas e mantém relações da esquerda até a centro-direita", disse a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP). A parlamentar afirmou, porém, que para atrair a centro-direita e o que ela chama de "direita inteligente", Luiza Trajano precisaria ajustar o discurso e torná-lo "mais liberal".

Fundador do grupo de renovação política RenovaBR, Eduardo Mufarej avalia que a eleição presidencial de 2022 terá uma pista "mais estreita" para outsiders do que 2018, mas incluiu a dirigente da Magazine Luiza entre os nomes que teriam força para correr por fora da polarização entre bolsonaristas e o PT. "Huck é certamente um nome super preparado que reúne força e respaldo popular, e a Luiza é uma super liderança. Pode ser um nome com muito potencial", disse.

Apesar do anunciado embate interno entre Doria e o governador gaúcho Eduardo Leite pela vaga de candidato do PSDB à Presidência, até os tucanos manifestam interesse em contar com a empresária em 2022. "Tenho admiração pela Luiza. Nunca tive a oportunidade de fazer um convite formal, mas ela seria muito bem-vinda no PSDB", disse Marco Vinholi, presidente do partido em São Paulo.

"As especulações em torno do nome dela aconteceram com uma intensidade muito grande porque o País está carente de lideranças da sociedade civil, mas a política partidária não está no horizonte dela", disse Marcelo Silva, presidente do IDV e vice-presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza que acompanha a empresária desde 2004, quando ele deixou a Pernambucanas.

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