PT aposta em Haddad para ajudar campanha de Dilma
Pesquisas internas do partido apontam que muitas das políticas adotadas por Haddad na cidade possuem alto índice de aprovação
Da Redação
Publicado em 27 de julho de 2014 às 15h25.
São Paulo - O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), pode estar em baixa com a população da Capital - de acordo com recente pesquisa Datafolha, a gestão do petista é reprovada por 47% dos paulistanos -, mas não vai ser deixado de lado por seu partido nas eleições gerais deste ano. "Não vamos fazer de conta que o Haddad não é nosso", garantiu ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o presidente do PT em São Paulo, Emídio de Souza, e coordenador-geral da campanha do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha ao Palácio dos Bandeirantes.
Segundo Emídio, a ideia é resgatar a imagem do prefeito e mostrar os feitos de sua gestão no horário eleitoral gratuito deste pleito. Usando a metáfora preferida de seu pai, a de que não se acende uma vela para deixá-la debaixo da mesa, o dirigente alega que o prefeito tem realizado uma gestão eficiente, com propostas inovadoras para o futuro da cidade, porém é avesso à propaganda de seus feitos. "Ao contrário de Alckmin (governador tucano e candidato à reeleição) que realiza uma administração medíocre, baseada no puro marketing", alfineta.
Além do resgate da imagem e gestão do afilhado político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a estratégia petista tem um foco principal: ajudar a alavancar as campanhas da presidente da República e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), e de Alexandre Padilha ao governo do Estado.
Emídio argumenta que o horário eleitoral gratuito deverá reverter o baixo índice de intenção de voto que o ex-ministro da Saúde registra nas atuais pesquisas eleitorais e acredita que ao mostrar à população que muitos feitos da gestão petista estão sendo apropriados pela gestão de Alckmin, como o Programa Minha Casa, Minha Vida, a rejeição que Dilma tem no maior e mais estratégico colégio eleitoral do País tende a diminuir.
Com relação à gestão Haddad, pesquisas internas do partido apontam que muitas das políticas adotadas por Haddad na cidade possuem alto índice de aprovação, mas por falta de uma política de divulgação, o prefeito não colhe esses frutos. "Vamos usar a campanha eleitoral deste ano para mostrar que Haddad tem políticas bem-sucedidas. Em um ano e meio, por exemplo, ele bateu a meta proposta para o mandato de corredores de ônibus", exemplifica.
O programa do horário eleitoral gratuito do PT em São Paulo deve destacar ainda outras ações do prefeito, como o fim da aprovação automática e o fato de que a prefeitura vai bater a meta de 10% de coleta seletiva antes do prazo previsto. "Não vamos esconder o Haddad, vamos resgatá-lo", reitera Emídio.
Recentemente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou publicamente Haddad para que falasse mais à população de seus programas de governo. No primeiro ato da campanha de Padilha, no centro de São Paulo, no dia 18 de julho, o palanque foi formado justamente por Lula, Padilha e Haddad. Na ocasião, em seu discurso, Lula afirmou que Haddad está apanhando "de manhã, de tarde e de noite" e que agora não era mais a hora de dar a outra face do rosto. "Temos que reagir", disse o ex-presidente.
Dilma
Na tentativa de aumentar o índice de intenção de voto do candidato do PT ao governo de São Paulo, a presidente Dilma também deverá dar uma força, embarcando na campanha no Estado. Em reunião nesta semana em Brasília, Dilma foi enfática ao afirmar que quer ir para a rua. A cúpula petista, inclusive, já fechou uma agenda de Dilma e Padilha para uma caminhada no dia 9 de agosto, provavelmente em Osasco (SP). Falta, contudo, definir questões essenciais para quem comanda o País, como uma estratégia de segurança que permita à presidente colocar em prática o desejo de estar no 'olho a olho' com o eleitorado.
Durante uma caminhada este mês, no Rio de Janeiro, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou que a presidente não tem condições de andar na rua e ter contato direto com o eleitor. Na sexta-feira, 25, em uma agenda no Morro do Vidigal, também no Rio, o tucano voltou a repetir a crítica, dizendo que ela "tem dificuldade de se apresentar à população, por isso tem privilegiado reuniões em locais fechados, cercada de aliados".
O desejo de Dilma é provar justamente o contrário e, nessa estratégia, o Estado de São Paulo terá uma atenção especial, visto que a rejeição da petista é alta no Estado que concentra 22,4% do eleitorado. Segundo a última pesquisa Datafolha, no primeiro turno, Dilma e Aécio têm, cada um, 25% dos votos no Estado. Na simulação de segundo turno o tucano vence a petista por 50% a 31%.