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PSL suspende 5 deputados ligados a Bolsonaro; Bibo Nunes se diz "honrado"

Carla Zambelli (SP), Alê Silva (MG), Filipe Barros (PR), Carlos Jordy (RJ) e Bibo Nunes (RS) estão com as funções suspensas no partido

Bibo Nunes: em vídeo, o deputado disse estar honrado com a suspensão e acusou a direção partidária de não ter convidado a ala dissidente da sigla para a reunião desta sexta (Luis Macedo/Agência Câmara)

Bibo Nunes: em vídeo, o deputado disse estar honrado com a suspensão e acusou a direção partidária de não ter convidado a ala dissidente da sigla para a reunião desta sexta (Luis Macedo/Agência Câmara)

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Reuters

Publicado em 18 de outubro de 2019 às 19h14.

Última atualização em 18 de outubro de 2019 às 19h15.

Brasília — Em um novo episódio na guerra interna do PSL, a ala favorável ao presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PSL-PE), aumentou nesta sexta-feira seu poder partidário ao ampliar o número de delegados com direito a voto e suspender cinco deputados ligados ao presidente Jair Bolsonaro, impedindo que possam assinar listas para alterar a liderança da legenda na Câmara dos Deputados.

Segundo participantes de reunião na sede do partido em Brasília nesta sexta-feira, foram eleitos novos delegados com direito a voto na convenção da legenda a ser realizada em novembro, elevando o número de 101 convencionais para 153, o que amplia a força política de Bivar na sigla.

"Alcançamos quórum para a votação com a maioria absoluta", afirmou o líder do PSL no Senado, Major Olimpio (SP). "Houve apresentação de uma chapa única para completar quadros na Convenção Nacional."

"Não temos pressa com nada e nem para praticar injustiça", disse Olimpio. "Temos cinco parlamentares que tiveram suspensão decretada pela Executiva."

Os efeitos da suspensão, segundo o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (PSL-GO), são imediatos, mas será garantido o devido processo aos deputados, com direito de defesa e possibilidade de recursos.

Ainda assim, ficam já com as funções partidárias suspensas as deputadas Carla Zambelli (SP) e Alê Silva (MG), e os deputados Filipe Barros (PR), Carlos Jordy (RJ) e Bibo Nunes (RS). Com a decisão, os cinco parlamentares não poderão, por exemplo, participar de comissões, o que os atrapalha a exercer seus mandatos.

Também ficarão impedidos de assinar listas partidárias, como as utilizadas no decorrer desta semana para tentar destituir Waldir da liderança e colocar o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente da República, no cargo.

"Existe vasto material probatório, não está sendo uma punição", argumentou Waldir sobre as suspensões, acrescentando ter provas de ataques desses parlamentares ao partido e ao presidente da sigla.

Em nota, Jordy disse que a suspensão já era esperada e "reforça a necessidade de troca de liderança e comando do PSL".

"Uma conduta arbitrária como essa busca censurar os que se opõem aos desmandos de uma gestão autoritária e impedir que tenhamos assinaturas para fazer a urgente troca de líder do partido. Não desistiremos até que o partido seja reformulado e esteja de acordo com os valores defendidos pelo presidente Jair Messias Bolsonaro", diz o parlamentar, na nota.

Em vídeo, o deputado Bibo Nunes (RS) disse estar honrado com a suspensão e acusou a direção partidária de não ter convidado a ala dissidente da sigla para a reunião desta sexta, informação que Major Olimpio nega.

Bibo aproveitou para criticar o PSL, chamando-o de "dinheirista", e afirmou que a legenda não respeita seus deputados.

"Me suspender é uma horna e espero que tenham a hombridade de me expulsar. Aí minha placa de ouro será maior ainda, porque junto com Bolsonaro e nosso grupo de 25, 26 deputados, nós vamos mostrar o que é a nova política."

Em seu perfil no Twitter, Zambelli afirmou que "a tentativa de suspender o meu mandato não é contra mim, mas contra milhares de pessoas as quais represento".

"Não se trata de Carla Zambelli", e cita os demais colegas suspensos. "É contra vocês, brasileiros. É contra @jairbolsonaro quem defendemos."

Chave do cofre

A suspensão ocorre em meio à disputa aberta na legenda entre Bivar e Bolsonaro, que extravasou para a bancada parlamentar da sigla e culminou com a guerra de listas entre bolsonaristas, que buscavam colocar Eduardo na liderança, e bivaristas, que conseguiram manter o atual líder no posto.

Waldir disse a jornalistas, após anunciar as suspensões dos deputados, que a disputa interna na legenda deve-se a uma tentativa de Bolsonaro de controlar as finanças do partido, de olho nas eleições municipais do ano que vem.

Para ele, os recentes problemas no PSL ocorreram devido à "conduta do presidente da República pela busca da chave do cofre do partido, e ele fez isso atacando inicialmente o nosso presidente, tentando enfraquecer o presidente Luciano Bivar, para dessa forma tomar o controle -- no próximo ano tem eleições -- e ele queria o controle total de todos os diretórios do país".

A temperatura no PSL começou a subir a partir de denúncias de irregularidades em campanhas do partido, mas escalou na semana passada a um outro patamar quando Bolsonaro sugeriu a um simpatizante que esquecesse a sigla. Também afirmou que Bivar estava "queimado".

Nesta semana, em meio a questionamentos sobre transparência dos gastos de campanhas, Bivar foi alvo de operação da Polícia Federal, e o racha no partido ficou mais evidente.

Questionado se considerava que Bolsonaro deveria deixar o partido, Waldir afirmou que isso "é decisão dele", e que não poderia responder por Bolsonaro.

No Planalto, evita-se comentar eventual desembarque do presidente, mas o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, chegou a afirmar que a situação era avaliada dia a dia por Bolsonaro. O próprio presidente já declarou que todo casamento está sujeito a divórcio.

Gesto

Olimpio disse que a iniciativa de reaproximação com o PSL precisa partir de Bolsonaro e que Bivar não irá procurar o presidente da República para abrir um diálogo sobre a guerra dentro da legenda.

"O gesto de reaproximação tem que vir do presidente Bolsonaro com o partido, o partido que é dele", disse Olimpio a jornalistas após a reunião, acrescentando que Bolsonaro teria sido "insuflado" a agir da maneira que agiu.

"O partido está dizendo 'não fizemos nada de errado'. O presidente é muito bem-vindo, mas nós precisamos ter o gesto."

Bolsonaro se envolveu diretamente na disputa pela liderança do PSL para tentar emplacar o filho, segundo relatos de parlamentares, mas não alcançou número mínimo exigido de assinaturas válidas.

Nesta sexta-feira, o presidente acionou a Advocacia-Geral da União (AGU) na intenção de processar o líder do PSL na Câmara, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto. A equipe do ministro André Mendonça avalia quais medidas podem ser tomadas em relação ao episódio no qual Waldir chamou, em áudio gravado, Bolsonaro de "vagabundo" e afirmou que iria implodir o presidente.

Para Olimpio, o "caça-caça" de assinaturas para as listas buscando a troca na liderança do partido "só serve para aumentar a temperatura, que não está baixa".

O senador disse ainda que a Executiva do partido se reunirá com Bivar na segunda-feira, e deve anunciar no dia seguinte mudanças em Executivas estaduais e na Executiva Nacional. As discussões, que devem tomar o fim de semana, incluem as direções partidárias no Rio de Janeiro e em São Paulo, comandadas pelos filhos de Bolsonaro Flávio e Eduardo, respectivamente.

Apesar do clima beligerante, integrantes do PSL que deixaram a reunião garantiram que que votarão favoravelmente às pautas de interesse do governo no Congresso, independente de haver uma solução para o cisma no partido e também de eventual saída de Bolsonaro.

"O principal, que tem que ficar claro: todos do PSL são Bolsonaro... É apenas uma briga de partido, e todos são Bolsonaro. Não existe quem não seja. Pode ser que aqueles não queiram ser PSL", disse a senadora Soraya Thronicke (PSL-MS).

"Se o presidente sair, pelo que foi decidido lá em cima, pelo presidente do partido, todos nós, aconteça o que acontecer, a ordem foi continuar votando com o governo e continuar apoiando Bolsonaro", afirmou Thronicke.

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