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Promotoria investiga suposto mensalão a vereadores de Santo André, SP

Cidade vive até hoje o trauma do assassinato de Celso Daniel, em 2002, prefeito pelo PT que foi executado a tiros

Ministério Público investiga um suposto esquema de mensalão a vereadores do município de Santo André (Vitor mazuco/Wikimedia Commons)

Ministério Público investiga um suposto esquema de mensalão a vereadores do município de Santo André (Vitor mazuco/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 15 de janeiro de 2019 às 16h26.

São Paulo - O Ministério Público investiga um suposto esquema de mensalão a vereadores do município de Santo André, na Grande São Paulo. Sob análise dos promotores estão oito planilhas mensais, de janeiro a agosto de 2016, que indicariam repasses de valores a políticos e os nomes de 27 empresas que mantinham os maiores contratos com a prefeitura de Santo André na gestão passada (Carlos Grana/PT). Em um período de apenas 7 meses, essas empresas teriam entregue R$ 8,5 milhões.

As informações foram reveladas pela rádio CBN. A repórter Alana Ambrósio teve acesso com exclusividade às planilhas. Alana relata que os papeis mostram "entradas" com os nomes das empresas e os montantes que teriam sido repassados.

O Estadão confirmou que o Ministério Público iniciou uma investigação, com base em representação enviada ao Gaeco, o Grupo de Promotores que combate crime organizado no ABC.

Santo André vive até hoje o trauma do assassinato de Celso Daniel, em 2002. Prefeito pelo PT, ele foi executado a tiros, segundo o Ministério Público, vítima de crime de mando de integrantes do próprio partido porque teria decidido dar um fim no esquema de corrupção instalado na gestão municipal.

No mensalão agora sob investigação, as planilhas em poder do Ministério Público dão a pista dos destinatários, incluindo onze partidos políticos e despesas de ordem pessoal - celular, combustível, cestas básicas e até pagamento de funerária.

Carlos Grana foi prefeito de Santo André até 2016, ano em que se candidatou à reeleição e foi derrotado pelo tucano Paulo Serra.

Os promotores suspeitam que as planilhas eram controladas pelo ex-secretário de Governo de Grana, entre 2014 e 2016, Arlindo José de Lima. A investigação mostra que ele era responsável pelo gerenciamento das licitações e fazia o elo com os vereadores.

A Rádio CBN destaca que a lista contempla servidores da administração municipal e 18 dos 21 vereadores da legislatura anterior - nove deles permanecem na Câmara de Santo André.

Defesas

Por meio de sua Unidade de Comunicação e Eventos, a administração Paulo Serra (PSDB) declarou: "Em nosso acompanhamento através da imprensa, dos noticiários e também das inúmeras investigações envolvendo o mensalão no governo do PT, ressaltamos nossa veemente defesa a favor das investigações, pois é notório ser esta uma infeliz prática em gestões petistas.

Além disso, o ex-prefeito e demais responsáveis legais pela gestão anterior deverão prestar esclarecimentos se for comprovada a fraude. Sempre defenderemos a punição dos culpados com o rigor da lei. A atual gestão preza pela total transparência nas investigações e está à inteira disposição do Ministério Público para colaborar em todos os aspectos. Só assim podemos livrar nossa cidade destes lamentáveis episódios passados conforme abordado pela reportagem."

Em nota, a Câmara de Santo André afirmou que "a matéria da CBN fala de 18 vereadores da legislatura passada, sendo que 9 foram reeleitos e estão na Câmara municipal. Porém, não recebemos nenhuma lista ou informação de quem são os vereadores. O que temos é o conhecimento da matéria da CBN."

A reportagem está tentando contato com Carlos Grana. À Rádio CBN, o ex-prefeito rechaçou as denúncias e negou irregularidades em sua administração. Ele declarou que "não houve nenhum esquema com empresas, muito menos com a Câmara". Grana afirmou que sua relação "sempre foi republicana".

Seu ex-secretário de Governo Arlindo José de Lima declarou que desconhece o teor da denúncia.

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