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Prisão de Cabral tumultua política e agrava crise fiscal

Especialistas destacam que PMDB precisará se reinventar para resgatar domínio no Rio de Janeiro

Sérgio Cabral (foto/Getty Images)

Marcelo Ribeiro

Publicado em 18 de novembro de 2016 às 06h00.

Última atualização em 18 de novembro de 2016 às 07h02.

Brasília – A prisão do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB-RJ), deve tumultuar o ambiente político e agravar a crise fiscal do estado governado por Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), segundo especialistas consultados por EXAME.com.

Para Murilo Aragão, cientista político da Arko Advice, “as repercussões das prisões de Cabral e do próprio (Anthony) Garotinho fragilizam o cenário político e dificultam os caminhos para a reação fiscal”.

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No mesmo sentido, Vitor Oliveira, cientista político da Pulso Público, a agenda da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), que vem sendo pressionada por manifestações, deve perder celeridade.

“A prisão deve instaurar uma crise política, que pode dificultar a tentativa de agilizar a aprovação de medidas de austeridade na Alerj para superar a crise do estado”, diz Oliveira.

O especialista da Pulso Público destacou ainda que as divergências dentro do PMDB do Rio de Janeiro devem se intensificar após a prisão do ex-governador carioca. O presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB-RJ), pode dividir a base do governo do Rio de Janeiro ao fazer críticas abertas aos correligionários.

“Terá dificuldade para aprovar medidas necessárias na Assembleia Legislativa”, reforça Aragão.

Mas afinal, quem perde mais com a prisão de Cabral? Os especialistas acreditam que o PMDB sairá mais “baqueado” que outros agentes políticos.

O cientista político da Arko Advice afirmou a EXAME.com que a imagem do partido sai enfraquecida após a detenção de Cabral. “É problema sério para o PMDB. O partido precisará se reinventar para voltar a ter a mesma influência no Rio de Janeiro”.

Na mesma linha de raciocínio, Oliveira disse que o principal efeito político é a configuração da perda da hegemonia de um grupo que dominou a cidade e o estado do Rio de Janeiro na última década.

“O bloco que sustentava a hegemonia do PMDB no Rio de Janeiro está se desarticulando, se desintegrando”, avalia o especialista das Pulso Público.

Indagado se a prisão de Cabral pode trazer problemas ao governo federal, Oliveira minimizou e disse que o “caldo entornará apenas se o ex-governador decidir delatar correligionários”.

“[Eduardo] Cunha já foi preso e nem por isso o governo deixou de funcionar. A prisão de Cabral não deve desmoronar a base governista”, conclui o especialista da Pulso Público.

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