Aécio Neves: "este é o início de um encontro do PSDB com sua própria história", anunciou o presidente do partido (Gregg Newton/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2016 às 17h44.
Brasília - Depois de diversas promessas e adiamentos, o PSDB lançou oficialmente seu pacote de medidas com foco na área social.
Em seminário realizado na manhã desta quinta-feira, 10, na Câmara dos Deputados, os tucanos apresentaram as propostas que deveriam fazer frente ao PT, mostrando falhas do governo em sua maior base eleitoral.
O avanço da possibilidade de impeachment, entretanto, tornou o pacote tucano uma estratégia menos focada no governo federal e mais centrada nas eleições municipais deste ano.
"Todos sabem o quanto eu queria ver o PSDB se dedicando de forma mais profunda a debater políticas sociais. Este é o início de um encontro do PSDB com sua própria história", anunciou o presidente do partido, Aécio Neves (MG), que durante o discurso defendeu que a legenda nunca esteve distante das questões sociais.
"Foi no governo FHC que foram tomadas as mais importantes medidas para a área de proteção social que esse País já viveu", argumentou.
O agravamento da situação política da presidente Dilma, citada em delação de Delcídio Amaral (PT-MS) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conduzido coercitivamente pela Polícia Federal, levou o PSDB mais uma vez a voltar suas atenções para o projeto de impeachment.
No entanto, era preciso reforçar uma posição propositiva para dar respostas às bases e garantir espaço nas eleições municipais de outubro.
Ao divulgar o chamado "Catálogo Travessia", com 126 propostas em âmbito social, Aécio afirmou que o caderno poderia ser usado como uma "bibliazinha" ou "roteiro" pelos candidatos a prefeitos e vereadores pelo PSDB.
"São pequenas e singelas iniciativas que eu acho inspiradoras para que o PSDB incorpore de forma definitiva na sua marca a preocupação com as questões sociais", disse.
Com foco regional, não existe previsão para que as propostas sejam transformadas em projetos do Congresso Nacional e não constam das proposições apresentadas por Aécio ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) no último mês.
Como já vinha defendendo anteriormente, a cartilha é um enfrentamento às falhas das políticas públicas do PT. No discurso, o senador enumerou a falta de reajuste do Bolsa Família, o corte orçamentário no Minha Casa Minha Vida e em outros programas sociais do governo.
"Assistimos à presidente dizer que os programas sociais estão preservados. Mentira, não estão", alegou Aécio.
Propostas dependeram do impeachment
O pacote social tucano chega com, pelo menos, 3 meses de atraso.
Foi em meados de novembro do ano passado que Aécio anunciou, pela primeira vez, que o partido lançaria um conjunto de medidas com foco no plano social.
À época, o PSDB chegava ao fim do primeiro ano de governo Dilma agarrado à pauta única do impeachment, que parecia enfraquecido, como analisaram os próprios líderes no Congresso.
De outro lado, o PMDB tomava o protagonismo com o lançamento do documento "Uma ponte para o futuro", que reunia propostas para tirar o Brasil da crise.
Agendado para 8 de dezembro, conforme anúncio do próprio Aécio, o pacote tucano acabou esquecido.
Uma semana antes, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-MG), aceitou o pedido de impeachment de Dilma, acendendo o sinal para a oposição de que ainda era tempo de se fazer o impeachment.
Desde então, o lançamento do pacote social ficou condicionado à conjuntura política e à possibilidade de impeachment, com Aécio se posicionando de forma mais propositiva toda vez que o afastamento da presidente parecesse pouco provável.
As propostas anunciadas nesta manhã, na presença de líderes e candidatos locais do partido, têm a colaboração do economista Mansueto Almeida, que coordenou a campanha eleitoral de Aécio em 2014, além de serem chanceladas por José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela.
Segundo o partido, as propostas atingem 18 áreas, como saúde, direitos humanos e educação.