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Preocupação maior hoje deve ser com crise política, diz FHC

O ex-presidente ponderou que crises econômicas são cíclicas, ou seja, são graves, mas tem uma condução de certa forma independente


	Fernando Henrique Cardoso: "Nós somos todos responsáveis, não vamos discutir quem é mais, mas o fato é que não deu certo. Está na hora de nós nos juntarmos"
 (Divulgação)

Fernando Henrique Cardoso: "Nós somos todos responsáveis, não vamos discutir quem é mais, mas o fato é que não deu certo. Está na hora de nós nos juntarmos" (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 25 de agosto de 2015 às 17h26.

São Paulo - Em palestra que adotou um tom mais ameno com relação à crise política do País, chamando a um senso de responsabilidade coletiva da sociedade, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que a preocupação maior hoje deve ser com a crise política.

Ele ponderou que crises econômicas são cíclicas, ou seja, são graves, mas tem uma condução de certa forma independente. Já a crise política exige que se ache uma saída.

O tucano não deu uma resposta, mas em discurso conciliatório disse que "vozes em conjunto" chegarão a uma solução. "Acho que vai chegar um momento em que isso vai acontecer (as vozes se juntarem), vai ter que criar uma força política suficiente para ter um plano crível", afirmou.

O ex-presidente tucano relatou um episódio de 2013, quando esteve em um mesmo avião com os ex-presidentes José Sarney, Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Collor.

Segundo FHC, na ocasião, ele compartilhou com eles seu diagnóstico de que "o sistema político brasileiro faliu".

FHC reclamou de a petista não ter dado atenção à sua colocação naquele momento, mas usou o episódio para reforçar o discurso de que quadros de crise não são responsabilidade de um, mas de todos.

"Nós somos todos responsáveis, não vamos discutir quem é mais, mas o fato é que não deu certo. Está na hora de nós nos juntarmos", relatou ter dito aos colegas.

Fernando Henrique avaliou que os próximos meses serão muito difíceis tanto na economia como na política, mas que isso é uma oportunidade para o País.

Apesar da mudança de tom em relação à semana passada, quando pressionou pela renúncia de Dilma, o tucano também não defendeu sua permanência. Disse que não se sabe ainda quem "negociará uma saída" para o País.

Reforma ministerial

O ex-presidente comentou brevemente, em sua palestra, que o governo já deveria ter cortado ministérios, pois o Estado e a sociedade não têm mais recursos para bancar o custeio da máquina pública mais os programas sociais.

"Já deveria ter diminuído há muito tempo", afirmou. Ele avaliou que a condição orçamentária hoje é "gravíssima", como se pode ver na tentativa do governo de atrasar o pagamento do 13º de aposentados. "Não é da boca pra fora, é porque não tem dinheiro mesmo", observou.

Fernando Henrique avaliou que há hoje um "desregramento muito grande" na economia - em referência ao aumento do endividamento e às pedaladas fiscais.

"Vamos ter que discutir nos próximos anos como se resolve isso", disse citando como exemplo a previdência social, cujo custo sobe em descompasso com as receitas do Estado.

O tucano fez uma autocrítica ao que chamou de clima "Fla-Flu" que se instala no Congresso, onde deputados muitas vezes votam contra o governo sem avaliar a importância da pauta para o País.

Fernando Henrique incluiu na crítica parlamentares do PSDB que, por exemplo, votaram pela queda do fator previdenciário.

"Certas questões têm impacto no futuro do País, não se pode votar contra só porque se quer. Achei um erro alguns dos deputados do PSDB votarem contra (o fator)."

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