PP quer que Ana Amélia como vice seja considerada cota pessoal de Alckmin
Como senadora é tida por integrantes da atual cúpula do PP como independente e que não tem trânsito na direção partidária, escolha dela seria de tucano
Reuters
Publicado em 2 de agosto de 2018 às 15h16.
Última atualização em 3 de agosto de 2018 às 10h35.
Brasília - A eventual escolha da senadora gaúcha Ana Amélia (PP) como candidata a vice na chapa encabeçada pelo pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin , deve ser tratada como uma espécie de "cota pessoal" do presidenciável tucano, afirmaram reservadamente à Reuters três dirigentes da cúpula partidária.
Em entrevista coletiva logo após a convenção do PP que selou o apoio da legenda a Alckmin, a senadora confirmou ter sido "sondada" para o cargo e que ficou de dar uma resposta ainda nesta quinta. Mais cedo a Reuters havia adiantado essa negociação.
Segundo as fontes ouvidas pela Reuters, entretanto, a gaúcha Ana Amélia é tida por integrantes da atual cúpula do PP como uma senadora independente e que não tem trânsito na direção partidária, que é comandada pelo senador Ciro Nogueira, do Piauí.
Por isso, nos bastidores, começa a crescer um discurso de que a escolha dela --apesar de ser avalizada pela direção partidária-- seria estritamente uma decisão do Alckmin.
"Não tem como rejeitar uma escolha de vice, mas ela (Ana Amélia) não é do núcleo do poder do partido", resumiu uma das lideranças ouvidas pela Reuters.
No governo do presidente Michel Temer, o PP mantém o controle dos ministérios da Saúde, da Agricultura e das Cidades, além da Caixa Econômica Federal.
O partido trabalha para, após ter fechado o apoio a Alckmin, se tornar um dos principais polos de sustentação de uma eventual gestão do tucano no Planalto. Nesse raciocínio, a intenção da cúpula do PP é, independentemente da escolha de Ana Amélia para vice, ter importantes espaços na Esplanada dos Ministérios em um governo do PSDB .
Publicamente, dirigentes da legenda dizem não ter qualquer restrição, ou mesmo veto, ao nome da senadora gaúcha.
"Qualquer membro progressista agrada ao partido", disse o presidente do PP, em rápida entrevista após a convenção do partido que formalizou o apoio ao ex-governador paulista.
Resposta
A senadora foi tratada na convenção do PP como uma vice de Alckmin, que também compareceu ao encontro. Na plateia, simpatizantes defenderam seu nome para a composição, durante os discursos. Ela não posou para fotos ao lado do pré-candidato do PSDB.
Em entrevista, Ana Amélia admitiu ter sido sondada para ser vice de Alckmin por "várias pessoas" e disse que ficou de dar uma resposta até o final do dia.
A senadora afirmou que a decisão não é uma "questão individual" e destacou que precisa ponderar uma série de fatores. Ela disse que está "muito bem" colocada em sua candidatura à reeleição ao Senado e que o cargo de vice "deixou de ser um cargo decorativo" no país.
"É preciso ponderar a relevância que tem o cargo de vice-presidente da República. Tem um outro alcance. É para o Executivo. Claro que um vice-presidente tem um papel de negociador com o Congresso Nacional, porque 2019 vai ser um ano muito demandado na relação do Parlamento com o Poder Executivo, porque as grandes reformas ainda não foram feitas", argumentou, ao dizer que não foi sondada diretamente por Ackmin.
A senadora disse que "continua independente", mas mantém uma relação "respeitosa" com o presidente do PP. Ela iria almoçar nesta quinta com o deputado federal Luiz Carlos Heinze, que é candidato ao governo estadual pelo partido. Uma eventual saída dela da disputa ao Senado também vai mudar o xadrez da composição do PP no Estado.
Mais cedo em entrevista, Alckmin disse que não tem nada fechado em torno da escolha de Ana Amélia, que a questão está encaminhada, mas pode ser definida até sábado --dia da convenção do PSDB que vai oficializar o seu nome na disputa ao Planalto. E elogiou a senadora.
"Não tem nada decidido. Sempre tenho dito que essa é uma decisão até sábado, mas quero destacar as qualidades da senadora Ana Amélia, uma das melhores senadoras do Brasil, a força e a garra das mulheres. Vamos aguardar", disse o tucano.