CUNHA: “Não posso ocultar um patrimônio que não é de minha propriedade” / Lula Marques/ Agência PT
Da Redação
Publicado em 19 de maio de 2016 às 20h28.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h54.
Trust consiste na entrega de um bem a uma pessoa para que seja administrado em favor de outra. Foi institucionalizado pelo imperador romano Augusto, como uma alternativa à informalidade e à falta de segurança da época. Séculos mais tarde, o termo trust foi popularizado pelos cruzados ingleses, que deixavam suas terras sob administração de terceiros. Por aqui, era coisa de iniciados até esta quinta-feira, quando foi o centro dos debates durante 9 horas no Conselho de Ética da Câmara.
A discussão, em teoria, era simples: Cunha mentiu ou não mentiu à CPI da Petrobrás ao dizer que não tinha contas não declaradas no exterior? As contas existem. Mas o dono, segundo Cunha, não é ele, mas o trust. “Não posso ocultar um patrimônio que não é de minha propriedade”, disse nesta quinta-feira.
A explicação, obviamente, não convenceu os deputados do Conselho de Ética. E criou uma enxurrada de declarações inusitadas. “O trust, e nós estamos nos tornando pós-graduados em trust, não tem dono, não é investimento, não é patrimônio. O trust é uma bênção. Esse dinheiro nasce, pena que não para todos os brasileiros”, disse Sandro Alex (PSD-PR). “Parece que o que vale aqui é In trust we trust“, disse Chico Alencar (PSOL-RJ), ironizando a expressão In god we trust impressa nas notas de dólar.
“Se o dinheiro dessa conta compra um vinho de 1.000 dólares, eu pergunto ao senhor, quem bebe o vinho, o senhor ou o trust?”, perguntou Julio Delgado (PSB-MG), citando gastos com o cartão de crédito da mulher da Cunha. Cunha apenas disse que não é titular do cartão. Agora, o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo no conselho, tem até dez dias para apresentar seu parecer. Até lá, dá tempo de completar a pós-graduação.