Raul Schmidt: o empresário, sobre o qual pesava uma ordem de detenção internacional, é suspeito de ter atuado como intermediário em operações da Petrobras (Reprodução/YouTube/ Victoria and Albert Museum/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2016 às 15h43.
Lisboa - A ministra da Justiça de Portugal, Francisca Van Dunem, admitiu nesta terça-feira o pedido de extradição ao Brasil do empresário luso-brasileiro Raul Schmidt, detido provisoriamente em Portugal por sua suposta relação no esquema de corrupção na Petrobras.
"A ministra da Justiça admitiu o pedido de extradição do cidadão luso-brasileiro Raul Schmidt pelos fatos anteriores à data na qual obteve a nacionalidade portuguesa", disseram à Agência Efe porta-vozes do Ministério da Justiça português.
Especialistas em direito tinham apontado que a nacionalidade portuguesa do suspeito poderia ter dificultado a solicitação de extradição das autoridades brasileiras.
No entanto, o Executivo luso ignorou este obstáculo ao levar em conta os fatos delitivos anteriores a que Schmidt obtivesse a nacionalidade lusa.
"A ordem proferida pela ministra da Justiça pôs fim à fase administrativa do processo, que já está na fase judicial", acrescentaram as mesmas fontes.
O Tribunal de Relação de Lisboa, o mesmo que decretou a prisão provisória de Schmidt, será o encarregado de executar ou não a ordem de extradição.
Schmidt foi detido no último dia 21 de março em um apartamento de luxo em pleno centro de Lisboa, dentro de uma operação luso-brasileira, a primeira que acontece fora do território brasileiro relacionada com a Operação Lava Jato.
O empresário, sobre o qual pesava uma ordem de detenção internacional, é suspeito de "ter atuado como intermediário em operações da Petrobras que levaram à cobrança indevida de comissões no valor de vários milhões de reais", de acordo com a informação fornecida pelas autoridades.
Com residência em Londres, onde é proprietário de uma galeria de arte, o agora detido foi representante da Petrobras em Angola entre 1994 e 1997 e, desde 2007, atuava como intermediário entre a companhia petrolífera e alguns de seus abastecedores no exterior.
O Ministério Público brasileiro o acusa de ter cobrado subornos aos clientes que queriam adquirir contratos com a empresa estatal e de ter transferido parte desses recursos desviados tanto ao então diretor da área internacional da Petrobras, Jorge Zelada, com quem tem vínculos estreitos, como a outros dois diretores da Petrobras também condenados: Renato Duque e Néstor Cerveró.