Brasil

Por Previdência, Temer e presidentes de partidos acertam reunião

Reunião foi convocada para uma avaliação melhor se será possível ou não colocar a reforma da previdência em votação na semana do dia 11

Michel Temer e Rodrigo Maia: governo quer investir nesta semana em articulações e fazer um "pente-fino" para atender demandas e conseguir apoio na reforma (André Coelho- Bloomberg/Bloomberg)

Michel Temer e Rodrigo Maia: governo quer investir nesta semana em articulações e fazer um "pente-fino" para atender demandas e conseguir apoio na reforma (André Coelho- Bloomberg/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de dezembro de 2017 às 06h43.

Brasília - No primeiro dos dois encontros que fez neste domingo, 3, o presidente Michel Temer já deixou acertado que fará uma nova reunião na quarta-feira, 6, à noite com presidentes de partidos e líderes da base, novamente no Alvorada, para uma avaliação melhor se será possível ou não colocar a reforma da previdência em votação na semana do dia 11.

Participaram do almoço de ontem no Alvorada os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral), Maurício Quintella (Transportes), Marcos Pereira (Indústria e Comércio), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia). Além disso, estiveram presentes o senador Ciro Nogueira (PP-PI), o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

No almoço, além da reforma da Previdência, as conversas sobre cenário eleitoral e de alianças para 2018 também fizeram parte do cardápio.

Esforço

Mais tarde, Temer, ministros e um grupo maior de aliados se encontram novamente na casa de Rodrigo Maia para "aferição" e diagnóstico da base aliada.

O governo quer investir nesta semana em articulações e fazer um "pente-fino" para atender demandas e tentar angariar os 308 votos necessários para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição.

Mesmo diante das evidências cada mais claras em torno da dificuldade de aprovação da reforma da Previdência ainda este ano, auxiliares do presidente dizem que o governo não tem razões para jogar a toalha e que vai continuar empenhado para conseguir os 308 votos para que a proposta avance ainda em 2017.

O calendário curto é o principal adversário e o objetivo é votar o texto, "pelo menos" o primeiro turno, até o dia 13 de dezembro. A depender do resultado, o governo vai intensificar as negociações "com todas as forças" para a matéria ser votada no segundo turno até o dia 20.

Auxiliares do presidente reconhecem a dificuldade em conseguir votos, mas reiteram que o governo vai investir o máximo de energia nas articulações das próximas duas semanas. O discurso do Planalto da necessidade da reforma tem sido repassado aos parlamentares neste trabalho de convencimento.

Conforme mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, sem a aprovação da reforma da Previdência, as áreas de Saúde e Educação deixarão de receber recursos, gradativamente, nos próximos anos.

A estimativa é que em 2028 o governo não terá mais como pagar os gastos de custeio nem fazer investimentos nessas áreas. Em 18 anos, haverá dificuldade até para honrar os benefícios do INSS e de assistência social, o chamado BPC.

As despesas não caberão mais dentro do limite máximo de gastos do governo federal, o chamado teto, previsto na Constituição Federal.

Esse quadro dramático foi apresentado em tabelas entregues a parlamentares pelo presidente Michel Temer e ministros para defender a votação da PEC ainda este ano.

Os números mostram o que acontece com os gastos públicos em dois cenários até 2036: com e sem reforma.

No cenário sem a reforma, só caberão dentro do limite do "teto" os gastos com Previdência e assistência, os salários do funcionalismo e uma parte dos gastos com abono e seguro-desemprego.

O levantamento mostra que outras despesas, como o custeio de Saúde e Educação, precisariam ficar de fora dos gastos do governo, o que é uma hipótese impensável.

Já num cenário em que a Previdência tenha sido reformada, os gastos com benefícios previdenciários e assistenciais cresceriam menos, o que permitiria acomodar dentro do teto os outros itens de despesa.

Mostrar aos parlamentares a ameaça aos gastos com Saúde e Educação é uma tentativa do governo de sensibilizá-los para apoiar a reforma. Os dados sustentam o argumento do governo de que as mudanças na Previdência são em benefício dos mais necessitados, pois liberam recursos para outros programas federais.

A "campanha" para o convencimento dos deputados inclui também apresentações sobre a recuperação em curso da economia: com dados sobre queda da inflação e crescimento do PIB, por exemplo. O governo quer reduzir o receio dos parlamentares de perderem apoio junto ao eleitorado por apoiar as mudanças na Previdência.

O "combate aos privilégios" é o mote da campanha lançada pelo governo no dia 17 de novembro. As peças publicitárias, no entanto, foram suspensas na última quinta-feira pela juíza federal Rosimayre Gonçalves de Carvalho, da 14ª Vara da Justiça Federal do DF.

Ela diz que o anúncio "veicula a desinformação", ao dizer que, com a reforma, "o Brasil vai ter mais recursos para cuidar da Saúde, da Educação e da segurança de todos". A Advocacia Geral da União (AGU) recorreu da decisão.

Acompanhe tudo sobre:Governo TemerMichel TemerPartidos políticosPolíticaReforma da Previdência

Mais de Brasil

Lira convoca reunião de líderes para debater composição da mesa diretora da Câmara em 2025

Tarifa de ônibus em SP deve ficar entre R$ 5 e R$ 5,20

Após jovem baleada, Lewandowski quer acelerar regulamentação sobre uso da força por policiais

Governadores avaliam ir ao STF contra decreto de uso de força policial