Brasil

Políticas econômicas de Dilma e Marina não são tão distintas

Sobre a política econômica do atual governo, analista avalia que os gastos públicos continuam sendo o "ponto mais fraco" na classificação de risco do país


	Marina Silva e Dilma Rousseff: Moody's afirma que candidatas não são tão diferentes quanto à políticas econômicas
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Marina Silva e Dilma Rousseff: Moody's afirma que candidatas não são tão diferentes quanto à políticas econômicas (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2014 às 17h38.

São Paulo - Apesar de parecerem "totalmente opostas", as candidatas à presidência Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) não são tão diferentes do ponto de vista econômico, pelo menos na opinião da agência de classificação de risco Moody"s.

"Dilma e Marina estão em posições opostas enquanto candidatas. Mas, no nosso ponto de vista, como presidentes, elas não seriam tão diferentes quanto se pensa", afirmou Mauro Leos, analista sênior da agência, durante a 16ª Conferência da Moody"s realizada em São Paulo.

Leos elaborou quatro possíveis cenários para as duas candidatas que, segundo as últimas pesquisas de intenções de votos, disputarão o segundo turno.

Se Marina for eleita em um cenário positivo, classificado pelo analista como "quase nirvana", ela cumpriria de 80% a 90% de suas promessas e trabalharia junto com o Congresso, o que seria "bom" para o mercado.

Já em um cenário negativo, a candidata do PSB causaria um "grande desapontamento", cumprindo menos de 50% das promessas e causando "confrontos políticos recorrentes".

Na previsão de reeleição de Dilma, de um lado tem-se o cenário positivo classificado como "Lula Light", com o aumento de previsibilidade perante os mercados e transparência.

Já no cenário negativo para a candidata do PT, Dilma continuaria com a mesma política.

Sobre a política econômica do atual governo, Leos avalia que os gastos públicos continuam sendo o "ponto mais fraco" na classificação de risco do país, especialmente pelo crescimento lento dos últimos três anos.

"A redução da contribuição e de investimentos está diminuindo de 2006 para 2013, o que representa para nós (Moody"s) os pontos mais fracos do Brasil", disse Leos, que prevê com isso uma baixa confiança de mercado, resultando em baixos investimentos privados.

Mais uma vez, a agência classificou o Brasil como um "caso isolado" com nota negativa da dívida pública por vir apresentando métricas piores que países parecidos.

Essa perspectiva de nota negativa já havia sido apontada pela empresa no último dia 9 setembro, quando a qualificação do Brasil saiu do patamar "estável", o que pode indicar uma continuidade de crescimento econômico baixo e piora nas métricas da dívida.

Ainda assim, na nova apresentação da Moody"s, a nota brasileira continuou em "Baa2", segunda menor classificação dentro da faixa considerada como grau de investimento.

O Brasil ficou atrás de países como Tailândia e dos de nota negativa Rússia e África do Sul, passando apenas Turquia, Indonesia, Índia, Hungria e Portugal.

"Nos últimos quatro anos houve um crescimento mais lento do PIB brasileiro - em torno de 3%. Já em relação à América Latina, o Brasil tem crescimento similar, mas muito lento", comentou Leos.

No que se refere à previsão do valor da taxa do PIB no período 2014-2015, Leos prevê algo em torno de 1,4%, "mesmo valor indicado no começo do primeiro governo Lula (1,5%)", declarou.

No entanto, Leos classificou um "potencial maior de crescimento" para o ex-presidente do que para a candidata à reeleição.

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