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Política no Paraná é dominada por laços familiares

Desde o Palácio Iguaçu, passando pela Assembleia Legislativa e chegando até Brasília, os mais variados laços unem os ocupantes de cargos eletivos

"Política no Paraná é assunto e negócio de poucas famílias no poder", define o cientista político Ricardo Oliveira (Igo Estrela/Wikimedia Commons)

"Política no Paraná é assunto e negócio de poucas famílias no poder", define o cientista político Ricardo Oliveira (Igo Estrela/Wikimedia Commons)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de junho de 2018 às 12h15.

Curitiba - "Política no Paraná é assunto e negócio de poucas famílias no poder", define o cientista político Ricardo Oliveira, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), resumindo o cenário da política no Estado. Desde o Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, passando pela Assembleia Legislativa e chegando até Brasília, os mais variados laços familiares unem os ocupantes de cargos eletivos.

O ex-governador do Estado Beto Richa (PSDB) e Cida Borghetti (PP), sua vice e atual governadora, são exemplos emblemáticos. Ele, filho do ex-governador José Richa, tem o filho Marcello Richa (PSDB) como pré-candidato a deputado estadual. Ela é mulher do ex-ministro da Saúde e deputado federal Ricardo Barros (PP), cujos pai e irmão também são políticos, e mãe de Maria Victoria (PP), que deve tentar a reeleição como deputada estadual.

Entre outros ex-governadores, a ligação familiar se mantém: o senador Roberto Requião (MDB) é filho do ex-prefeito de Curitiba Wallace Thadeu de Mello e Silva e tem irmãos na política. Filho de Roberto, Requião Filho (MDB), por sua vez, vai tentar a reeleição para a Assembleia Legislativa. O senador e ex-governador Alvaro Dias (Podemos), pré-candidato à Presidência, tem o irmão Osmar Dias (PDT) como postulante ao governo do Paraná.

"Vantagem indevida"

Requião Filho admite que o sobrenome o ajudou na última eleição e culpa o sistema político pela manutenção de famílias no poder. "A reforma eleitoral infelizmente foi feita para manter o status quo. A gente tem uma vantagem indevida. Com uma campanha tão curta, ter um nome e uma marca é vantagem", afirma o parlamentar.

Já a deputada estadual Maria Victoria, que conquistou uma cadeira na Assembleia aos 22 anos, em 2014, disse à reportagem que não usa os sobrenomes dos pais e disse que a eleição não foi fácil mesmo com a herança política. "Tenho certeza que seria uma alavanca ter utilizado sobrenomes tão conhecidos quanto os dos meus pais", afirma.

Assembleia

Na Assembleia, a "bancada dos herdeiros" ocupa 16 cadeiras atualmente - quantidade maior que a de qualquer partido que compõe a Casa, de 54 assentos. Todos os herdeiros vão concorrer nas eleições deste ano, exceto Bernardo Ribas Carli (PSDB), filho do ex-prefeito e ex-deputado Fernando Ribas Carli (PP) e irmão do ex-deputado estadual Ribas Carli Filho, que ainda não decidiu se vai concorrer. Dois dos herdeiros na Assembleia vão tentar vaga na Câmara Federal e o restante disputará reeleição.

Pedro Lupion é um dos deputados estaduais que pretende se juntar aos três herdeiros políticos do Estado que já ocupam cadeiras na Câmara Federal - e deverão tentar reeleição. Bisneto do ex-governador do Paraná Moysés Lupion e filho do ex-deputado federal Abelardo Lupion, Pedro está no segundo mandato na Assembleia. "A gente que cresce em casa política acaba convivendo com isso no dia a dia. Mas acho que estou agora fazendo um protagonismo por conta própria", disse ele.

Os pessebistas Alexandre Curi (neto do ex-deputado estadual Aníbal Khury) e Artagão Júnior (filho do ex-deputado estadual e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Artagão de Mattos Leão) estão no quarto mandato na Assembleia. E Plauto Miró (DEM), neto do ex-senador Flávio Carvalho Guimarães e filho do ex-prefeito de Ponta Grossa Plauto Miró Guimarães, vai tentar a reeleição pela sétima vez.

Especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo afirmaram que a perpetuação das mesmas famílias no poder no Paraná não é um fenômeno exclusivo do Estado e que vem aumentando, principalmente dentro do Legislativo. "Essas candidaturas são pertencentes a um grupo detentor de mais recursos econômicos, melhores redes políticas, e possuem vínculos nos outros Poderes, como no Executivo e Judiciário", afirma o cientista político Ricardo Oliveira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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