Brasil

Policial sacou R$ 48 milhões para deputado Antônio Doido, diz PF

A Polícia Federal deflagrou uma operação contra o deputado federal nesta terça-feira, 16

Deputado Antônio Doido: a Operação Igapó cumpriu 31 mandados de busca e apreensão no Pará e em Brasília (Câmara dos Deputados/Divulgação)

Deputado Antônio Doido: a Operação Igapó cumpriu 31 mandados de busca e apreensão no Pará e em Brasília (Câmara dos Deputados/Divulgação)

Publicado em 16 de dezembro de 2025 às 14h01.

Última atualização em 16 de dezembro de 2025 às 14h48.

A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira, 16, uma operação contra o deputado federal Antônio Doido (MDB-PA) após identificar a atuação de um grupo que, segundo a investigação, sacou mais de R$ 48 milhões em espécie para atender a "interesses escusos" do parlamentar.

A Operação Igapó cumpriu 31 mandados de busca e apreensão no Pará e em Brasília e teve como alvos, além do deputado, um secretário do governo estadual, a esposa dele, o gerente de uma fazenda e policiais militares suspeitos de operar retiradas milionárias em dinheiro vivo.

Estão sendo apurados os delitos de corrupção eleitoral, corrupção ativa e passiva, crimes licitatórios, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

De acordo com a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino, a investigação aponta que a organização criminosa atuava “sob o comando do Deputado Federal ANTÔNIO DOIDO” e utilizava empresas para operacionalizar as movimentações financeiras analisadas pela PF.

O ministro destacou que há “elementos que indicam de forma veemente a prática de delitos diversos pela organização criminosa investigada”, incluindo crimes eleitorais, fraudes em licitações, corrupção e lavagem de dinheiro.

PM saca mais de R$ 48 milhões

Segundo a investigação, Francisco Galhardo, coronel da Polícia Militar do Pará, recrutava policiais para movimentar grandes quantias em espécie oriundas de negócios ligados ao parlamentar.

Um relatório de inteligência financeira do Coaf identificou Galhardo como “sacador” em 15 operações que somaram mais de R$ 48 milhões entre março de 2023 e outubro de 2024, com destaque para retiradas de R$ 22 milhões “nas semanas anteriores ao pleito eleitoral municipal” de 2024.

A decisão do STF descreve que, no episódio que deu origem à investigação, policiais sacaram quase R$ 5 milhões em uma agência do Banco do Brasil em Castanhal (PA).

A análise de mensagens interceptadas indicou que o deputado acompanhava a operação e orientava a destinação dos valores. “Observa-se, assim, que ANTÔNIO não apenas tinha conhecimento como estava monitorando a operação em questão”, afirmou o ministro ao citar diálogos obtidos pela PF.

Operação investiga empresas e Secretaria de Obras Públicas do Pará

As empresas investigadas, JA Construcons Civil e JAC Engenharia, estão registradas em nome da esposa do parlamentar e do gerente de sua fazenda. Para a PF, ambos atuavam como “pessoas interpostas” de Doido.

O inquérito aponta que as duas construtoras somam mais de R$ 900 milhões em contratos com o governo do Pará em quatro anos. Na decisão, Dino determinou a “suspensão do direito de participar de licitações e firmar contratos com órgãos públicos” das empresas.

A representação da PF também implicou o secretário estadual de Obras do Pará, Benedito Ruy Cabral, apontado como “integrante da organização criminosa” por supostas violações funcionais.

O ministro, porém, negou o pedido de afastamento do secretário e indeferiu buscas no gabinete do deputado na Câmara. Segundo Dino, “todos os fatos investigados ocorreram no Estado do Pará” e não guardam relação com o mandato parlamentar.

Em contrapartida, o STF autorizou a quebra dos sigilos telefônico e telemático do deputado, da esposa, do secretário e dos policiais militares investigados, além das buscas e apreensões.

O caso havia começado na Justiça Eleitoral do Pará, mas foi remetido ao Supremo por envolver um parlamentar com foro privilegiado.

Em nota, a Secretaria de Estado de Obras Públicas do Pará afirmou que todas as contratações seguem o devido processo licitatório, em conformidade com os princípios constitucionais e com as regras previstas nos editais divulgados no Portal Nacional de Contratações Públicas.

Leia a decisão do ministro Flávio Dino na íntegra

*Com informações do Globo

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosPolícia Federal

Mais de Brasil

Moraes vota para condenar 5 réus envolvidos em tentativa de golpe

Chuva e vento fortes provocam alagamentos em cidades de Santa Catarina

Aprovação de Lula sobe a 48% e desaprovação cai a 49%, diz Genial/Quaest

Prefeito da Paraíba tem mandato cassado após acusação de envolvimento com crime organizado