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Polícia Federal vê indícios de venda de mensagens em caso de hacker

Em conversa por aplicativo, Walter Delgatti Neto, suposto chefe do grupo, diz a amigo que "acabou a tempestade", "veio a bonança"

Hacker: Polícia investiga caso de invasão de mensagens de autoridades (Thomas Trutschel/Getty Images)

Hacker: Polícia investiga caso de invasão de mensagens de autoridades (Thomas Trutschel/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de setembro de 2019 às 12h20.

A Polícia Federal acredita ter encontrado um indício que pode ajudar a desvendar a principal dúvida que ainda paira sobre os suspeitos de hackear as principais autoridades do País: se eles venderam as mensagens que obtiveram de forma ilegal. Numa conversa trocada via aplicativo, Walter Delgatti Neto, que confessou chefiar o grupo, diz a Danilo Cristiano Marques, seu suposto "testa de ferro", que "acabou a tempestade", "veio a bonança".

A conversa, destaca o jornal O Estado de S. Paulo, consta num relatório de 13 páginas em que a PF sustenta para a Justiça a necessidade da manutenção das prisões de Delgatti e Gustavo Henrique Santos, o DJ de Araraquara também suspeito de participar dos crimes.

No relatório, ao qual o jornal teve acesso, os investigadores dizem que a troca de mensagens ocorreu em 10 de abril de 2019, dois meses antes de conversas entre o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e de procuradores da Lava Jato serem divulgadas. São conversas que "sugerem algum feito", conclui a PF, numa sinalização de que Delgatti poderia estar comemorando a venda das mensagens. A conversa entre os dois é acompanhada pela descrição "@chefedeestado".

No documento, a polícia diz que Danilo Marques e Suelen Priscila de Oliveira, namorada de Gustavo, não oferecem mais riscos para a obtenção de provas, podendo, assim, ser soltos.

Os investigadores da PF concluíram na semana passada parte da perícia dos materiais apreendidos na Operação Spoofing. Até o momento, além das suspeitas de que Delgatti teria recebido pelas mensagens que vazou, também dizem ter encontrado elementos que indicam fraudes bancárias.

Os quatro suspeitos foram presos pela Polícia Federal no dia 23 de julho, na investigação sobre a invasão de telefones celulares de autoridades, incluindo o do presidente da República, Jair Bolsonaro, o do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o do procurador da República e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol.

Defesa

Como revelou o Estado na época das prisões dos suspeitos, Delgatti afirmou em depoimento à Polícia Federal ter repassado o conteúdo das supostas mensagens ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, que tem divulgado reportagens com base nas conversas desde junho. O hacker disse que não cobrou contrapartidas financeiras para repassar os dados.

Procurada, a defesa de Delgatti afirmou que até o momento, a PF não apresentou nos autos do caso os supostos arquivos acessados pelo seu cliente. "Considerando todo material apreendido há mais de um mês, tempo hábil para o delegado apresentar provas concretas dos supostos acessos, uma mera tentativa de acesso, sem comprovação de invasão, com cópia de dados, não justifica o acautelamento provisório. Ressalte-se que Walter Delgatti Neto é estudante de Direito e até o momento não apresentou nenhum risco à continuidade das investigações, sempre colaborando com a autoridade policial", afirmam os advogados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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