Transpetro: (Germano Lüders/Exame)
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de janeiro de 2018 às 18h51.
São Paulo - O assassino do empresário José Roberto Soares Vieira, alvo da 47ª fase da Operação Lava Jato, o procurou três vezes em sua transportadora antes de cometer o crime, segundo informações da Polícia Civil. Ex-vice prefeito de Ourolândia, na Bahia, ele foi executado a tiros na porta do estabelecimento, na Fazenda Mamão, Rodovia Ba-522, em Candeias.
O depoimento de Vieira serviu aos investigadores para rastrear pagamentos de R$ 2,3 milhões ao ex-gerente da Transpetro José Antonio de Jesus, preso preventivamente por determinação do juiz federal Sérgio Moro.
"Era a terceira vez que ele ia até o local e esperava pela chegada de José Roberto, oferecendo-se para capinar um terreno no local", afirmou uma das testemunhas aos investigadores.
A Polícia Civil da Bahia diz não descartar nenhuma linha de investigação e analisa câmeras de segurança da transportadora pertencente ao político petista.
Segundo os investigadores, José Roberto foi executado a tiros por um homem, cuja identidade está sendo investigada pela polícia, que o procurou na transportadora sob o pretexto de estar buscando emprego.
Equipes da 20ª Delegacia de Polícia de Candeias, Bahia, ouviram testemunhas do crime. O motorista, o porteiro e outro funcionário da transportadora já foram ouvidos pela delegada Maria das Graças, que pretende ouvir familiares e colegas de trabalho, ainda nesta semana.
O político chegava acompanhado do motorista, depois de deixar o carro em uma concessionária, onde ele seria vendido, quando foi abordado pelo assassino.
Segundo a Polícia Civil, a investigação apurou que José Roberto pretendia adquirir um veículo blindado.
"Não descartamos nenhuma linha de investigação", pontuou a titular. As imagens serão analisadas pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT).
No dia 21 de novembro de 2017, data da Operação Sothis, 47ª fase da Lava Jato, Vieira, que foi alvo de buscas e apreensões, prestou depoimento à Polícia Federal e afirmou que seu ex-sócio e agente público recebia pagamentos de empresas contratadas por subsidiárias da Petrobras sem ter prestado qualquer serviço. O Ministério Público Federal chegou a pedir sua prisão temporária, indeferida pelo juiz federal Sérgio Moro ao deflagrar a operação. Ele chegou a ter seus bens bloqueados.
O ex-gerente da subsidiária da Petrobras Jose Antonio de Jesus foi preso no dia 21. A promotoria suspeita de que José Antonio, seus familiares e intermediários operacionalizaram o recebimento de R$ 7 milhões de propinas pagas pela empresa NM Engenharia, entre setembro de 2009 e março de 2014.
Ex-sócio do ex-Transpetro na JRA Transportes, Vieira ainda disse que a empresa fazia transferências para os parentes do ex-gerente e que era usada para bancar despesas pessoais de Jesus.
Com base em seu depoimento, o Ministério Público Federal rastreou pagamentos de R$ 2,3 milhões supostamente em benefício do ex-gerente da Transpetro e pediu a conversão da prisão temporária - por cinco dias prorrogáveis - em preventiva, por tempo indeterminado.
Embasado na delação premiada do empresário Luiz Fernando Nave Maramaldo, que entregou notas fiscais dos pagamentos, e em quebras de sigilo telefônico, telemático e fiscal, o Ministério Público Federal traçou o caminho das supostas propinas desde o caixa da NM Engenharia até a conta bancária do agente público aposentado e de seus parentes.
O Ministério Público Federal sustenta que a JRA Transportes e a Sirius, ligadas ao ex-gerente da Transpetro, eram usadas para o recebimento de propinas da NM.
Além da NM Engenharia, o ex-sócio de José Antonio revelou à Polícia Federal que outras prestadoras de serviços de subsidiárias da Petrobras faziam pagamentos à JRA, como foi o caso da Meta Manutenção. De acordo com José Roberto, os pagamentos da Meta eram ainda maiores do que os da NM Engenharia e nunca houve prestação de serviços.