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PMDB mantém apoio a Dilma Rousseff, por enquanto

O maior partido da coalizão que apoia Dilma manterá seu status de aliado apesar da profunda impopularidade da presidente e do rompimento do presidente da Câmara

A presidente Dilma Rousseff: se a já esperada recessão econômica gerar distúrbios sociais, o apoio pode terminar, segundo lideranças do PMDB (David Paul Morris/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2015 às 19h09.

Brasília - O PMDB , maior partido da coalizão que apoia a presidente Dilma Rousseff , manterá seu status de aliado apesar da profunda impopularidade da presidente e do rompimento do presidente da Câmara , Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas isso pode mudar se a já esperada recessão econômica gerar distúrbios sociais, disseram lideranças da legenda.

Dilma luta para salvar seu mandato em meio à maior desaceleração econômica em 25 anos e de uma crise política deflagrada pelo bilionário esquema de corrupção na Petrobras , investigado pela Operação Lava Jato .

Cunha anunciou seu rompimento pessoal com o governo Dilma e disse que defenderá que o PMDB o acompanhe nessa decisão, mas outras lideranças do partido não estão prontas para fazer isso.

Em vez disso, pretendem manter o apoio a Dilma até 2018, quando o partido planeja lançar candidato próprio à Presidência.

“O PMDB não vai romper com o governo agora. Não seria correto tomar essa atitude, porque vamos ter um problema mais sério da economia no segundo semestre...O PMDB pensa ter uma candidatura própria e se afastar deste governo, mas lá na frente, lá para 2017”, disse à Reuters o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).

Com apenas pouco mais de seis meses em seu segundo mandato, Dilma está em situação difícil. Pesquisas apontam que dois em cada três brasileiros querem seu impeachment por mau gerenciamento da economia e por supostamente ter usado dinheiro de propina em suas campanhas de 2010 e 2014. Sua taxa de aprovação caiu para 7,7 por cento em pesquisa divulgada na semana passada.

O próprio partido da presidente, o PT, tem criticado as medidas de austeridade adotadas pelo governo para eliminar o déficit fiscal que ameaça fazer o Brasil perder o grau de investimento dado pelas agências de classificação de risco.

Até mesmo seu mentor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se afastou de Dilma.

O isolamento da presidente e um Congresso rebelde prejudicaram as medidas de ajuste fiscal do governo. Aliado a queda nas receitas, isso obrigou a equipe econômica a reduzir a meta fiscal de 2015 até 2017, aumentando os riscos de um rebaixamento da nota brasileira.

Embora Cunha possa tentar obstruir a agenda do governo, a manutenção do apoio do PMDB dá a Dilma a chance de aprovar no Congresso medidas de cortes de gastos e aumento da arrecadação.

Cunha, a quem cabe como presidente da Câmara dar ou não seguimento a um eventual pedido de impeachment, disse em evento em São Paulo nesta segunda acreditar que hoje a maioria do PMDB seja contra a manutenção da aliança com o PT.

Ele disse, entretanto, que "não está no nosso horizonte que o país se incendeie por causa de um posicionamento pessoal", e alertou que o debate sobre o impeachment tem prejudicado e seguirá prejudicando a confiança no país. O presidente da Câmara afirmou também que analisará todos os pedidos de impeachment de forma "técnica" e de acordo com o regimento interno da Casa.

PRESSÃO POPULAR

Até agora nem o PMDB nem mesmo o principal partido de oposição, o PSDB, estão formalmente buscando o impeachment de Dilma, preferindo deixar que o PT leve a culpa pela situação econômica do país, elevando assim suas chances na eleição de 2018.

Mas isso pode mudar.

A expectativa é que a economia se contraia 1,7 por cento neste ano, o desemprego está aumentando e a inflação está insistentemente alta. Assim, qualquer elevação na insatisfação popular pode fazer os aliados de Dilma mudarem de ideia.

“Se o povo vai para a rua e faz exigência contundente e persistente de mudança, aí não tem como segurar a base política desse governo, que já está muito fragilizada”, disse o deputado peemedebista Danilo Forte (CE), um crítico da aliança do PMDB com o PT.

Um termômetro do sentimento contrário ao governo virá no dia 16 de agosto, quando protestos contra a presidente foram convocados em todo o país.

Forte disse que as coisas estariam bem piores para Dilma não fosse o vice-presidente Michel Temer, que também preside o PMDB e é o articulador político do governo. “Hoje quem dá um suspiro e condições para que o governo consiga uma credibilidade junto ao Parlamento é exatamente o PMDB”, disse.

Um assessor de Temer disse que o vice acelerou as indicações políticas para cargos de segundo escalão no governo para manter felizes os aliados de Dilma, incluindo para diretorias de estatais e agências reguladoras.

Ele também liberou 800 milhões de reais na semana passada em emendas parlamentares, e outros 5 bilhões de reais devem estar disponíveis até o final do ano.

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Brasília - O PMDB , maior partido da coalizão que apoia a presidente Dilma Rousseff , manterá seu status de aliado apesar da profunda impopularidade da presidente e do rompimento do presidente da Câmara , Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas isso pode mudar se a já esperada recessão econômica gerar distúrbios sociais, disseram lideranças da legenda.

Dilma luta para salvar seu mandato em meio à maior desaceleração econômica em 25 anos e de uma crise política deflagrada pelo bilionário esquema de corrupção na Petrobras , investigado pela Operação Lava Jato .

Cunha anunciou seu rompimento pessoal com o governo Dilma e disse que defenderá que o PMDB o acompanhe nessa decisão, mas outras lideranças do partido não estão prontas para fazer isso.

Em vez disso, pretendem manter o apoio a Dilma até 2018, quando o partido planeja lançar candidato próprio à Presidência.

“O PMDB não vai romper com o governo agora. Não seria correto tomar essa atitude, porque vamos ter um problema mais sério da economia no segundo semestre...O PMDB pensa ter uma candidatura própria e se afastar deste governo, mas lá na frente, lá para 2017”, disse à Reuters o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).

Com apenas pouco mais de seis meses em seu segundo mandato, Dilma está em situação difícil. Pesquisas apontam que dois em cada três brasileiros querem seu impeachment por mau gerenciamento da economia e por supostamente ter usado dinheiro de propina em suas campanhas de 2010 e 2014. Sua taxa de aprovação caiu para 7,7 por cento em pesquisa divulgada na semana passada.

O próprio partido da presidente, o PT, tem criticado as medidas de austeridade adotadas pelo governo para eliminar o déficit fiscal que ameaça fazer o Brasil perder o grau de investimento dado pelas agências de classificação de risco.

Até mesmo seu mentor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se afastou de Dilma.

O isolamento da presidente e um Congresso rebelde prejudicaram as medidas de ajuste fiscal do governo. Aliado a queda nas receitas, isso obrigou a equipe econômica a reduzir a meta fiscal de 2015 até 2017, aumentando os riscos de um rebaixamento da nota brasileira.

Embora Cunha possa tentar obstruir a agenda do governo, a manutenção do apoio do PMDB dá a Dilma a chance de aprovar no Congresso medidas de cortes de gastos e aumento da arrecadação.

Cunha, a quem cabe como presidente da Câmara dar ou não seguimento a um eventual pedido de impeachment, disse em evento em São Paulo nesta segunda acreditar que hoje a maioria do PMDB seja contra a manutenção da aliança com o PT.

Ele disse, entretanto, que "não está no nosso horizonte que o país se incendeie por causa de um posicionamento pessoal", e alertou que o debate sobre o impeachment tem prejudicado e seguirá prejudicando a confiança no país. O presidente da Câmara afirmou também que analisará todos os pedidos de impeachment de forma "técnica" e de acordo com o regimento interno da Casa.

PRESSÃO POPULAR

Até agora nem o PMDB nem mesmo o principal partido de oposição, o PSDB, estão formalmente buscando o impeachment de Dilma, preferindo deixar que o PT leve a culpa pela situação econômica do país, elevando assim suas chances na eleição de 2018.

Mas isso pode mudar.

A expectativa é que a economia se contraia 1,7 por cento neste ano, o desemprego está aumentando e a inflação está insistentemente alta. Assim, qualquer elevação na insatisfação popular pode fazer os aliados de Dilma mudarem de ideia.

“Se o povo vai para a rua e faz exigência contundente e persistente de mudança, aí não tem como segurar a base política desse governo, que já está muito fragilizada”, disse o deputado peemedebista Danilo Forte (CE), um crítico da aliança do PMDB com o PT.

Um termômetro do sentimento contrário ao governo virá no dia 16 de agosto, quando protestos contra a presidente foram convocados em todo o país.

Forte disse que as coisas estariam bem piores para Dilma não fosse o vice-presidente Michel Temer, que também preside o PMDB e é o articulador político do governo. “Hoje quem dá um suspiro e condições para que o governo consiga uma credibilidade junto ao Parlamento é exatamente o PMDB”, disse.

Um assessor de Temer disse que o vice acelerou as indicações políticas para cargos de segundo escalão no governo para manter felizes os aliados de Dilma, incluindo para diretorias de estatais e agências reguladoras.

Ele também liberou 800 milhões de reais na semana passada em emendas parlamentares, e outros 5 bilhões de reais devem estar disponíveis até o final do ano.

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