PMDB dá mais dinheiro para aliados de caciques na eleição
Na distribuição dos recursos de campanhas, aliados dos caciques do PMDB ganham mais recursos
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2016 às 08h23.
Brasília - Cruzamento das doações de campanhas aos 16 candidatos a prefeito do PMDB nas capitais pelos diretórios nacional, estaduais e municipais do partido revela que a maior parte dos recursos privilegia apadrinhados dos caciques na cúpula da legenda e nos Estados .
De maneira geral, a ajuda do PMDB na campanha, conforme levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo, tem sido maior para candidatos ligados a quadros de destaque na direção nacional ou com força estadual.
A estratégia só reforça o caráter de "federação partidária" pelo qual o PMDB é conhecido.
A candidata do partido a prefeito de Boa Vista (RR), Teresa Surita, é um exemplo dessa prática. Do R$ 1,2 milhão arrecadado pela campanha dela, Teresa recebeu mais da metade em recursos, R$ 661 mil, do diretório estadual da legenda e ainda contou com outros R$ 300 mil (23% do total) em repasses da direção nacional.
Ela é ex-mulher e uma das principais apostas eleitorais do presidente do PMDB nacional e roraimense, senador Romero Jucá (PMDB).
Outra importante força do partido, a candidata à Prefeitura de São Paulo Marta Suplicy recebeu, até agora, a maior doação da direção do PMDB - R$ 500 mil.
A ex-petista, porém, tem sido um dos raros candidatos do partido que têm alicerçado sua campanha, que já arrecadou R$ 3,6 milhões, em doações de pessoas físicas.
Até o momento, a exceção dessa estratégia no caso das capitais de aporte da direção nacional ficou por conta da candidata a prefeito de Rio Branco (AC), Eliane Sinhasique, que recebeu R$ 150 mil da direção nacional - 81% do que amealhou até agora em doações.
'Sem dinheiro'
Essas três doações a candidatos a prefeito contrariam o que havia dito o tesoureiro da legenda, o líder do partido no Senado, Eunício Oliveira (CE).
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no fim de julho, ele afirmou que, apesar de a direção nacional ter na ocasião R$ 2,5 milhões em caixa, não haveria aporte para candidatos. "O PMDB não tem dinheiro para financiar ninguém", disse à época.
Presidente do PMDB cearense, Eunício repassou quase R$ 400 mil do diretório estadual e outros R$ 200 mil pela direção nacional à campanha do candidato do PR à prefeitura de Fortaleza, Capitão Wagner.
O partido indicou Gaudêncio para ser vice da chapa. A reportagem não conseguiu localizar Eunício. A assessoria dele informou que questões de doação nacional têm sido tratadas por Jucá. O presidente do PMDB também não se pronunciou até a conclusão desta edição.
Muito da força do PMDB está na forma de distribuição dos recursos aos Estados. Pelo Estatuto, o partido repassa 60% de tudo o que recebe automaticamente cada unidade da federação.
Até agosto, a legenda recebeu em recursos do Fundo Partidário R$ 52,5 milhões, dos quais R$ 31,5 milhões foram distribuídos aos Estados. Até o momento, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a direção partidária já passou a candidatos e partidos R$ 8,6 milhões.
O candidato peemedebista à prefeitura fluminense, Pedro Paulo, foi um dos principais agraciados com essa estratégia. Dos R$ 7,7 milhões arrecadados até o momento, ele recebeu aporte de R$ 3,3 milhões do diretório estadual e outros R$ 492 mil pelo PMDB municipal.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também tem se preocupado com o futuro no Estado. O diretório do PMDB alagoano, presidido por ele, repassou R$ 400 mil para a campanha a prefeito de Maceió do peemedebista Cícero Almeida - 88% do que ele arrecadou até agora.
Repasses semelhantes a candidatos de capitais também ocorreram no Paraná e Amapá, comandados, respectivamente, por Roberto Requião e Gilvan Borges.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.