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PF vê evidências de que Temer praticou corrupção passiva

O delegado Thiago Delabary aponta no relatório que foi possível concluir que o presidente cometeu o crime ao aceitar promessa de "vantagem indevida"

Michel Temer: a defesa disse que o relatório não deve ser "uma peça acusatória" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Michel Temer: a defesa disse que o relatório não deve ser "uma peça acusatória" (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 20 de junho de 2017 às 19h43.

Brasília - O relatório parcial da Polícia Federal, enviado na segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal, afirma que há evidências "com vigor" da prática de corrupção passiva pelo presidente da República, Michel Temer, no inquérito em que é investigado depois da delação premiada dos executivos da J&F.

De acordo com o relatório apresentado pelo delegado Thiago Delabary, "resultam incólumes as evidências que emanam do conjunto informativo formado nestes autos, a indicar, com vigor, a pratica de corrupção passiva".

O delegado aponta no relatório que, apesar do tempo escasso para investigação e de não ter ainda todos os laudos das gravações - a PF pediu mais tempo de investigação para esperar a análise técnica completa da gravação da conversa entre Temer e Joesley Batista - foi possível concluir que o presidente, valendo-se da mediação do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, cometeu o crime de corrupção passiva, aceitando promessa de "vantagem indevida".

A investigação também conclui pela culpa de Rocha Loures em crime de corrupção passiva e dos executivos da J&F, controladora da JBS, Joesley Batista e Ricardo Saud em corrupção ativa.

O delegado aponta que, nas negociações entre Saud - representando a empresa - e Rocha Loures para que a empresa conseguisse resolver uma questão contra a Petrobras no Cade, o executivo cita Temer diversas vezes como estando ciente das negociações.

"Em meio a tais cogitações, Ricardo Saud fez menções a 'presidente', sem nunca ter sido corrigido por Rodrigo da Rocha Loures, dando a entender, claramente, por força do contexto, que Michel Temer estava por trás daquelas tratativas", diz o texto.

Em seu relatório, o delegado ressalta o fato de o presidente ter indicado Rocha Loures para ser o interlocutor de Joesley, como aparece na gravação feita no Palácio do Jaburu, em março.

"Em diálogos subsequentes, já na condição de mandatário - e somente por isso - Rodrigo da Rocha Loures recebeu minuciosas orientações de Joesley Batista a respeito de questões que interessavam ao Grupo J&F Investimentos junto a órgãos da Administração pública", diz o relatório.

A PF destaca ainda que logo depois da conversa com Joesley, o ex-deputado liga para o presidente interino do Cade, Gilvandro de Araújo.

"Após a ligação, seguindo-se à introdução 'o Temer mandou falar, vou falar', Joesley ofertou 5 por cento de propina dos ganhos a Rodrigo da Rocha Loures", diz a PF.

O advogado de Temer, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, disse que um relatório sobre investigações, como este da PF, deveria ser "apenas" um relato dessas investigações "e não uma peça acusatória".

"Autoridade policial não acusa, investiga. Assim entendemos desnecessário qualquer pronunciamento neste momento", disse Mariz em mensagem à Reuters ao ser questionado sobre o relatório.

A PF pediu ainda mais cinco dias de prazo para terminar a perícia nas gravações apresentadas por Joesley.

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