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PF vai investigar possibilidade de locaute em greve de caminhoneiros

Conduta é caracterizada quando empresários de um setor contribuem, incentivam ou orientam a paralisação de seus empregados

Greve: Polícia Federal vai investigar a possibilidade de locaute na paralisação dos caminhoneiros (Washington Alves/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de maio de 2018 às 14h51.

Brasília - A Polícia Federal vai investigar a possibilidade de locaute na paralisação dos caminhoneiros, que entrou nesta sexta-feira, 25, no quinto dia, apesar do acordo firmado na noite de quinta-feira. Mesmo com a câmara de compensação proposta pelo governo, que manterá, por meio de subvenções bancadas pelo Tesouro, o preço do diesel estável para os distribuidores, o que se constata nesta sexta é a ampliação dos pontos de retenção das estradas e não a redução do movimento, como esperava o governo.

Locaute é caracterizado quando empresários de um setor contribuem, incentivam ou orientam a paralisação de seus empregados. Ou seja, é uma greve liderada pelos patrões, com o intento de obtenção de benefícios para o setor, o que é proibido por lei.

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Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, a avaliação do próprio governo é de que o Planalto subestimou a proporção que a mobilização poderia tomar, um erro do sistema de inteligência, que é comandado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Interlocutores diretos do presidente comentaram que, como esta não era a primeira greve de caminhoneiros nos últimos tempos - e, em todas elas, o movimento arrefecia ao final de alguns dias - a avaliação era de que não haveria dificuldade em chegar a um acordo rapidamente.

A possibilidade de locaute começou a ser pensada na terça-feira, quando a paralisação ganhou dimensão nacional. O quadro foi agravado, e muito, a partir da quarta-feira.

Embora o governo reconheça que há, sim, uma mobilização fortíssima dos caminhoneiros autônomos, que representam mais da metade dos trabalhadores da área, acreditam também que a paralisação só chegou ao ponto em que está por ter apoio do empresariado.

O governo reconhece que a gravidade da situação subiu alguns andares neste momento e a tensão aumenta no Planalto. No domingo passado, quando foram realizadas as primeiras reuniões com o presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu, nem ele nem seus ministros imaginavam que a situação pudesse chegar onde chegou, com tendência de agravamento ainda maior, sem precedentes no País.

Por enquanto, todos no governo estão cautelosos e falam apenas em "indícios", "possibilidades" e não querem fazer acusações diretas. Sabem que também é grande a mobilização dos caminhoneiros autônomos. E já há outros segmentos aderindo aos protestos, por conta do preço da gasolina.

Mas, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, o governo está convencido de que o dedo dos patrões levou o movimento a este ponto e isso mudou o perfil da greve, que começa a dar sinais de que pode ficar fora de controle. É crescente o problema de desabastecimento no País.

O fato de os pontos de paralisação terem aumentado após o anúncio do acordo na noite de quarta, sinaliza, segundo fontes do Planalto, que o movimento acredita continuar contando com apoio da população e que conta com a adesão de outras categorias nos protestos, como taxistas, motoristas de aplicativo e motoboys.

Por isso também aumenta a preocupação, no interior do governo. O temor é que, se houver essa adesão explícita de outro segmento da população, já que uma insatisfação enorme com o reajuste diários dos demais combustíveis também, o problema saia do controle.

Por enquanto, embora todos estejam assustados com a persistência e crescimento dos problemas com a manutenção e aumento da paralisação, o governo evita falar em outras medidas para desobstrução de pistas porque não tem como obrigar os motoristas a trafegarem nas estradas e abastecerem supermercados e postos de gasolina, por exemplo, que já sofrem com a falta de produtos.

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