PF prende líderes de golpe milionário por tempo indefinido
Homens prometiam às vítimas lucros milionários sobre "ouro do tempo do Império" e "antigas letras do Tesouro Nacional"
Estadão Conteúdo
Publicado em 25 de novembro de 2017 às 16h27.
São Paulo - A Polícia Federal cumpriu, neste sábado (25) mandados de prisão preventiva em desfavor de Celso Éder Gonzaga Araújo, Sidinei dos Anjos Peró e Anderson Flores Araújo, suspeitos de liderar uma suposta organização que aplicou golpes em pelo menos 25 mil pessoas em todo o País e movimentou milhões de reais. Eles já estavam presos temporariamente - com prazo de cinco dias prorrogáveis. Com a preventiva, eles passam a ficar no cárcere por tempo indeterminado.
Os golpes eram batizados de Operação Au-Metal e Operação SAP pelos próprios acusados. Eles prometiam às vítimas lucros milionários sobre 'ouro do tempo do Império' e 'antigas letras do Tesouro Nacional'. Em troca, pediam quantias de, no mínimo, R$ 1 mil. O grupo arregimentava 'correntistas' para manter grupos de WhatsApp com as vítimas. Nas redes sociais, prestavam contas sobre o dinheiro, que estava sempre por vir, mas que nunca seria entregue.
Apontados como líderes do grupo foram presos nesta terça-feira, 21, temporariamente. Mesmo com Celso Éder Gonzaga Araújo, Sidinei dos Anjos Peró e Anderson Flores Araújo no cárcere, os tais 'correntistas' continuavam espalhando 'fake news' e vídeos no WhatsApp tentando desmentir as investigações contra as vítimas.
Uma notícia falsa aos moldes de um site de grande circulação tem sido espalhada pelos golpistas por meio de redes sociais com o pretexto de convencer as vítimas de que a Polícia Federal encerrou as investigações.
"Polícia Federal admite erros em Operação Ouro de Ofir, Celso Eder Araújo mostra valores que serão pagos a partir de hoje a investidores", diz o título da falsa matéria. Na linha fina, abaixo da chamada, consta: 'nós erramos, os valores, de fato, existem'.
A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar a desinformação espalhada pelos integrantes ainda soltos.
"Importa esclarecer que indivíduos ligados às 'operações financeiras' AUMETAL e SAP vêm utilizando das redes sociais para tentar manter as vítimas em erro e, dessa forma, continuar angariando recursos de forma ilícita. Existem mensagens e vídeos circulando em grupos sociais induzindo os 'investidores' a não procurar a Polícia Federal. Essas condutas estão sendo investigadas e aqueles que estiverem agindo de forma ilícita poderão sofrer as sanções criminais pertinentes às suas condutas, inclusive com a solicitação de novas medidas de prisão temporária ou preventiva a depender da necessidade investigativa", afirma a PF, ao anunciar a preventiva de Celso, Sidinei e Anderson.
Golpe
A venda de centenas de toneladas de 'ouro do tempo do império' e a recuperação de letras antigas do Tesouro Nacional serviram de pretexto para um golpe milionário aplicado em pelo menos 25 mil pessoas de todos os estados Brasileiros, segundo concluiu a Polícia Federal, no âmbito da Operação Ouro de Ofir, deflagrada nesta terça-feira, 21, em Brasília (DF), Goiânia (GO), Campo Grande (MS) e Terenos (MS). As investigações contaram com o apoio da Receita Federal e o Ministério Público Federal.
Segundo o inquérito, diversas narrativas foram inventadas pela suposta organização criminosa para ludibriar as vítimas. No entanto, apenas os crimes cometidos por intermédio de duas histórias são alvo da ação deflagrada nesta terça, 21.
Uma delas se refere a uma família de Campo Grande (MS) detentora dos lucros sobre a venda de centenas de toneladas de ouro do tempo do Brasil Imperial (1822-1889), mas, para repatriar os valores obtidos com os lucros, alega ter um acordo com uma 'Corte Internacional', que coloca uma condição: 40% do montante que receberiam os herdeiros no Brasil teriam de ser doados a terceiros.
De acordo com as investigações, os supostos integrantes montaram um esquema em que escalavam 'correntistas' em todo o país para espalhar a falsa história e cooptar pessoas que quisessem ser os destinatários dos 40%, mas com uma condição: pagar, pelo menos, R$ 1 mil para obter uma cota, com uma promessa de retorno de um milhão de reais.
Segundo os investigadores, em outro golpe, as vítimas davam valores em troca de uma comissão sobre a 'recuperação de antigas letras do Tesouro Nacional'. O esquema era o mesmo: em troca de quantias de, no mínimo, R$ 1 mil, eram prometidos às vítimas grandes lucros.
Recomendação
A Polícia Federal abriu um canal de denúncia em seu site para que vítimas denunciem os integrantes que ainda estiverem soltos e atuando em redes sociais e em grupos de WhatsApp, além de quaisquer outras informações úteis à investigação.
A reportagem não localizou as defesas de Celso, Sidinei e Anderson. O espaço está aberto para manifestação.