O prejuízo aos cofres públicos que a PF investiga pode ultrapassar a cifra de R$ 30 milhões (Fernando Moraes/Veja SP)
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2012 às 21h36.
Brasília - A Polícia Federal fechou o cerco sobre dois suspeitos do assassinato do agente Wilton Tapajós Macedo, executado com dois tiros na cabeça, à queima roupa, quando visitava o túmulo dos pais, terça-feira, no cemitério de Brasília. A justiça já expediu os mandados de prisão, mas as identidades não foram divulgadas para não alertar os alvos. Fontes policiais informaram que a captura dos criminosos está muito próxima. As causas do assassinato ainda não estão claras.
A principal linha de investigação aponta para execução por motivo de vingança ou queima de arquivo. Os autores demonstraram frieza e profissionalismo e sabiam da rotina da vítima. Policial de ponta, Tapajós participou ativamente da Operação Monte Carlo, que desmantelou a organização criminosa comandada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, mas também integrou ações de alto risco no combate a quadrilhas de narcotraficantes e pedófilos, por exemplo. Também não estão descartadas motivações pessoais ou acerto de contas.
Em clima de indignação, o corpo do agente foi sepultado nesta quinta no mesmo local onde tombou, junto ao túmulo dos pais. Mais de 500 pessoas acompanharam o cortejo, entre as quais centenas de policiais trajando uniforme, seguidos por viaturas com sirenes ligadas. O agente sentia-se ameaçado e recentemente registrou queixa na Corregedoria da PF, segundo informou a superintendente regional do órgão, delegada Silvana Borges.
O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar, que também é delegado federal, confirmou que a polícia já está na pista de dois suspeitos do homicídio. Ele disse que equipes especiais das Polícias Federal e Civil formaram uma força tarefa, com a participação de peritos, para esclarecer as circunstâncias do crime e prender os assassinos. As equipes vasculharam fazendas e endereços no entorno do DF e demarcaram os locais mais prováveis onde eles podem estar escondidos.
O presidente do Sindicato dos Policiais Federais do DF, Jones Borges Leal, denunciou que os policiais federais estão submetidos hoje a total falta de segurança no trabalho. Ele teme que outros agentes sofram atentados no exercício da profissão. Mas disse não ter elementos que confirmem se o assassinato de Tapajós está ou não vinculado à Operação Monte Carlo. "Quando um policial sofre ameaça, ele é apenas transferido, como se isso resolvesse a questão da insegurança", afirmou.
Mais um policial morto
Em um período de 48 horas mais um policial federal foi encontrado morto em Brasília. O escrivão da Polícia Federal Fernando Lima, de 34 anos, foi encontrado morto com um tiro na cabeça no início da noite desta quinta em sua residência, no bairro Jardim Botânico, bairro próximo ao Lago Sul. A Polícia Civil trabalha inicialmente com a hipótese de suicídio, segundo informou o delgado Érito Pereira, da 30ª DP, que abriu inquérito para apurar todas as circunstâncias da morte.
Lima, segundo os primeiros depoimentos de familiares, sofria de depressão aguda e teve seu estado agravado após o assassinato do agente Wilton Tapajós Macedo, de quem era amigo. Ele deu plantão normal nesta quinta e no início da noite foi encontrado morto dentro de casa. A polícia foi acionada por vizinhos que ouviram o estampido. É a segunda morte de policiais federais em Brasília nos últimos dois dias, em circunstâncias misteriosas.