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Operação da PF mira deputados e Luciano Hang em inquérito contra fake news

Mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação no STF, e miram nomes ligados ao "gabinete do ódio"

PF: mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação no STF (Banco de Imagens/AP Images)

PF: mandados foram expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da investigação no STF (Banco de Imagens/AP Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 27 de maio de 2020 às 10h10.

Última atualização em 27 de maio de 2020 às 10h58.

A Polícia Federal (PF) cumpre, na manhã desta quarta-feira, 29 mandados de busca e apreensão no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura fake news e ataques contra ministros da Corte. Entre os alvos estão o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), o blogueiro Alllan dos Santos, o empresário Luciano Hang, a ativista Sara Winter e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

Estão sendo cumpridos 29 mandados de busca e apreensão no âmbito do procedimento, presidido pelo ministro Alexandre de Moraes. As ordens judiciais estão sendo cumpridas no Distrito Federal, no Rio de Janeiro, em São Paulo, no Mato Grosso, no Paraná e em Santa Catarina.

A PF foi até a casa de Roberto Jefferson e no gabinete do deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP), na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Nas redes sociais, Garcia publicou um vídeo em que diz sofrer "perseguição no inquérito inconstitucional estabelecido pela ditatoga com o intuito de criminalizar a liberdade de expressão e a atividade parlamentar".

O deputado, líder do Movimento Conservador, é alvo pela segunda vez. Em dezembro do ano passado, foram apreendidos notebook e celular na casa de Edson Salomão, chefe de gabinete de Garcia, também depois de mandato expedido pelo ministro Alexandre de Moraes.

A suspeita é que mensagens de ódio e fake news tenham saído de computadores instalados no gabinete do deputado, na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Os investigadores apuram se Garcia é um dos braços do chamado "gabinete do ódio", que funcionaria no Palácio do Planalto. Um dos IPs investigados eram da Prodesp, a companhia de dados do governo paulista. A suspeita é que mensagens com notícias falsas tenham partido do gabinete do deputado.

O blog "Terça Livre", de Allan dos Santos, divulgou uma nota dizendo que a sede do site foi alvo da PF nesta manhã e apreendeu celulares e computadores do veículo e do blogueiro.

Os agentes da PF também fora até a casa da ativista Sara Wiinter. Ela é apoiadora do presidente Jair Bolsonaro e criadora do grupo "300 pelo Brasil", que chegou a montar barracas na Esplanada e divulgar manifestos sugerindo o uso de táticas de guerrilha para “exterminar a esquerda” e “tomar o poder para o povo”. O nome é uma referência aos 300 de Esparta, filme baseado numa história em quadrinhos que conta a saga de três centenas de guerreiros espartanos que lutaram até à morte para defender seu território.

"A PF acaba de sair da minha casa. Bateram aqui às 6h da manhã a mando do Alexandre de Moraes. Levaram meu celular e notebook. Estou praticamente incomunicável! Moraes, seu covarde, você não vai me calar!", escreveu Sara nas redes sociais.

Também são alvo da investigação Winston Rodriges Lima, conhecido como Comandante Winston, militar reformado da Marinha, candidato a deputado distrital em 2018 e coordenador de manifestações pró-Bolsonaro; Marcelo Stachin, militante bolsonarista que participou de manifestação de apoio ao presidente em Brasília e Bernardo Kuster, youtuber com 862 mil inscritos que costuma elogiar Bolsonaro e atacar adversários e a imprensa.

Aberto em março do ano passado por ordem do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, o inquérito é tocado por Moraes. Já houve ordens de busca e apreensão contra supostos autores de fake news e de ofensas a autoridades públicas. Estão na mira do inquérito aberto no ano passado deputados bolsonaristas e outros aliados do presidente.

O inquérito foi aberto por meio de portaria, e não a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), como é a praxe. Apesar de incomum, a situação está prevista no Regimento Interno do Supremo. A relatoria do inquérito ficou por conta do ministro Alexandre de Moraes, por designação de Toffoli.

Deputados investigados

Seis deputados federais bolsonaristas são investigados no STF no inquérito que apura fake news e ameaças contra ministros da Corte. São eles: Bia Kicis, Carla Zambelli, Daniel Silveira, Filipe Barros, Cabo Junio Amaral e Luiz Philippe de Orléans e Bragança. Todos os seis ainda estão filiados ao PSL.

Também são investigados dois deputados estaduais de São Paulo, Douglas Garcia (PSL) e Gil Diniz (PSL). Moraes não determinou busca e apreensão contra eles. No caso de Garcia, porém, a PF está em seu gabinete porque dois assessores são alvos dos mandados.

Diniz foi funcionário do gabinete do Eduardo Bolsonaro e é o atual líder do PSL na Assembleia de SP. Antes, foi funcionário dos Correios e ganhou notoriedade com o perfil "Carteiro Reaça" Teve apoio do presidente Jair Bolsonaro e de Eduardo Bolsonaro na campanha e foi eleito com 214.037 votos.

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