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PF diz que Braga Netto falou com pai de Cid para ter informações sigilosas sobre delação

Contatos foram confirmados por Cid em depoimento; PF também aponta contato entre Cid e Braga Netto sobre informações passadas à PF

Braga Netto foi preso pela Polícia Federal por obstrução à Justiça neste sábado (14) (José Dias/PR/Flickr)

Braga Netto foi preso pela Polícia Federal por obstrução à Justiça neste sábado (14) (José Dias/PR/Flickr)

Agência o Globo
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Publicado em 14 de dezembro de 2024 às 12h28.

Última atualização em 14 de dezembro de 2024 às 12h28.

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, citou na decisão em qual autorizou a prisão do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro, que a Polícia Federal encontrou "intensa troca de mensagens" do militar com o pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o também general Mauro Lourena Cid. Braga Netto foi preso neste sábado após a PF apontar tentativa de interferência em informações do acordo de colaboração premiada feito pelo ex-ajudante de ordens.

De acordo com a decisão de Moraes, a PF demonstrou que o pai de Cid manteve contato com Braga Netto e com o general Augusto Heleno para relatar que as informações acerca do acordo de delação com a PF eram mentirosas.

"Sobre a suposta Delação Premiada do CID, a Mãe e o Pai dele (CID) ligaram para o GNB (general Braga Netto) e para o GH (general Heleno) informando que é tudo mentira!!!", diz uma mensagem enviada pelo general Mário Fernandes, ex-número 2 da Secretaria-Geral da Presidência no governo Bolsonaro a outro militar, o coronel Jorge Kormann, que exerceu cargo no Ministério das Comunicações na gestão passada.

Fernandes é apontado como um dos principais responsáveis pelo plano "Punhal Verde Amarelo", que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

A conversa, de acordo com as investigações, ocorreu três dias após a decisão pela homologação do acordo de delação de Cid. Na decisão, Moraes destaca que a PF afirmou que Braga Netto tentou obter dados do acordo através de familiares "como forma de tranquilizar os demais integrantes da organização criminosa de que os fatos relativos aos mesmos não estariam sedo repassados à investigação".

"No diálogo entre os dois, MÁRIO FERNANDES relata a JORGE KORMANN que os pais de MAURO CÉSAR BARBOSA CID ligaram para os generais WALTER SOUZA BRAGA NETTO e AUGUSTO HELENO informando que 'é tudo mentira', possivelmente sobre as matérias divulgadas pela imprensa sobre o acordo de colaboração, em conversa do seguinte teor", diz outro trecho do relatório da PF.

A decisão de Moraes cita ainda que a PF conseguiu demonstrar que as conversas entre o pai de Cid e o general Braga Netto eram para obter dados sigilosos e controlar o que seria passado à investigação. Os depoimentos de Cid tiveram elementos que caracterizaram a interferência de Braga Netto para "embaraçar as investigações".

Na decisão, Moraes também aponta que a PF encontrou na sede do PL um documento com perguntas e respostas sobre o acordo de Cid. O documento estava na mesa do Coronel Flávio Botelho Peregrino, principal assessor de Braga Netto. As perguntas teriam sido respondidas pelo próprio Cid.

"O documento foi apreendido na mesa de trabalho de um dos assessores de WALTER SOUZA BRAGA NETTO na sede do Partido Liberal (PL) e diz respeito, primordialmente, ao que teria sido revelado sobre a participação do referido investigado, indicando a tentativa de obtenção de dados sigilosos da colaboração com a finalidade de obstruir as investigações, o que o colaborador MAURO CÉSAR BARBOSA CID confirmou em seu novo depoimento", diz a PF.

A interferência de Braga Netto foi confirmada por Cid em um dos seus depoimentos.

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