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Petistas temem impacto de delação de Palocci sobre o partido

Um dos principais receios recai sobre Lula, investigado pela Lava Jato, mas considerado a única aposta da legenda para voltar ao comando do país em 2018

Antonio Palocci: o receio de petistas é que o ex-ministro possa implicar ainda mais integrantes da legenda (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

Antonio Palocci: o receio de petistas é que o ex-ministro possa implicar ainda mais integrantes da legenda (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)

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Reuters

Publicado em 28 de abril de 2017 às 21h21.

Brasília - A declaração feita recentemente pelo ex-ministro Antonio Palocci de que estaria disposto a falar sobre fatos com nomes e endereços de interesse da operação Lava Jato ascendeu o temor entre os petistas de que uma eventual delação dele possa atrapalhar os planos do partido de tentar se reerguer após o abalo dos escândalos de corrupção e do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

O receio de petistas ouvidos pela Reuters, sob a condição do anonimato, é que Palocci possa implicar ainda mais integrantes da legenda.

Um dos receios recai sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fustigado pelas investigações da Lava Jato, mas, ainda assim, considerado a única aposta da legenda para voltar ao comando do país em 2018.

O aceno de Palocci - ex-titular da Fazenda de Lula e da Casa Civil de Dilma, de quem foi coordenador da campanha em 2010 - foi feito ao juiz Sérgio Moro, quando afirmou estar disposto falar quando o magistrado quisesse.

"Se o senhor estiver com a agenda muito ocupada, a pessoa que o senhor determinar, eu imediatamente apresento todos esses fatos com nomes, endereços, operações realizadas e coisas que vão ser certamente do interesse da Lava Jato, que realiza uma investigação de importância", disse o ex-ministro.

Empresas

Apesar do receio de acusações que venham a atingir próceres do partido, petistas têm dito que uma delação do ex-ministro poderia comprometer até mesmo grandes empresas e o setor bancário, dado o acesso privilegiado que ele tinha a esse público.

Uma fonte da legenda contou à Reuters que até mesmo esse risco para grandes instituições do país foi ponderado, por interlocutores, em conversas com ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar convencê-los a tirar Palocci da prisão.

Não houve sucesso nessa operação, contudo.

A fala do ex-ministro a Moro ocorreu após dois reveses judiciais no mês de abril. O STJ, primeiro, e o Supremo Tribunal Federal (STF), depois, rejeitaram discursos da defesa dele para tentar colocá-lo em liberdade.

Palocci está preso preventivamente desde setembro do ano passado durante uma fase da operação Lava Jato.

Ele é réu na operação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

"Existe essa preocupação (em atingir o partido), mas há uma visão de que uma delação dele vai ser uma hecatombe para muitas outras instituições que não só o PT", disse o líder da oposição no Senado, Humberto Costa (PT-PE).

Para o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), "vai ser um terremoto".

O temor de que Palocci pudesse buscar um acordo de delação premiada cresceu após a informação de que ele teria contratado um advogado especializado nesse tipo de tratativa, Adriano Bretas.

Procurado, Bretas não retornou às ligações e contato por mensagem de texto sobre se advogará para o ex-ministro.

O atual advogado dele, José Roberto Batochio, disse ter conversado recentemente com Bretas, e o próprio garantiu-lhe que não fechou contrato com Palocci até o momento. Até por isso, disse, segue no comando da defesa do ex-ministro, para quem trabalha há mais de 10 anos.

Questionado sobre a hipótese de seu cliente fazer uma delação, Batochio respondeu: "São conjecturas que vocês podem fazer".

O advogado - que também defende em alguns casos o ex-presidente Lula e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega - disse que trabalha para absolver seu cliente. Para ele, a estratégia da defesa é demonstrar a verdade sobre a atuação de Palocci.

"Para condenar, a equipe da Lava Jato, todos unidos vão ter que fazer um exercício condenatório", disse, ao destacar que, nos depoimentos colhidos até agora, não há quem tenha implicado o ex-ministro.

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