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Pesquisa sugere que Brasil pode ter 8 milhões de infectados pela covid-19

Mais amplo estudo do país, com 89 mil pessoas, identificou uma diferença de seis vezes entre o número de casos notificados e a população com anticorpos

Distanciamento social cai: a quantidade de pessoas que dizem ficar sempre em casa diminuiu de 23,1% para 18,9% (Victor Moriyama/Getty Images)

Distanciamento social cai: a quantidade de pessoas que dizem ficar sempre em casa diminuiu de 23,1% para 18,9% (Victor Moriyama/Getty Images)

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Clara Cerioni

Publicado em 2 de julho de 2020 às 19h21.

Última atualização em 2 de julho de 2020 às 19h45.

Entre meados de março e o início de junho, o contingente de brasileiros que contraíram o novo coronavírus dobrou de 1,9% da população para 3,8%, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 2, na terceira fase da pesquisa EpiCovid-19 BR, coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

O estudo aplicou testes diagnósticos e entrevistou 89.397 pessoas de 133 cidades do país. Foram cerca de 200 pessoas por município. Os resultados mostram que a pesquisa encontrou uma diferença de seis vezes entre o número de casos notificados oficialmente nesses municípios e a população com anticorpos.

As cidades escolhidas representam um terço do Brasil. No entanto, aplicando essa proporção à população total, hoje na casa dos 211 milhões de habitantes, os dados sugerem que em um mês e meio o número de pessoas que contraíram a doença passou de 4 milhões para 8 milhões.

Os pesquisadores não sustentam essa conta, ainda, porque afirmam que cientificamente é preciso avaliar a dinâmica dos outros mais de 5.000 municípios que não foram englobados pela pesquisa. Outras projeções, contudo, vão no mesmo sentido — o que endossa o resultado encontrado pela UFPel.

De acordo com um modelo matemático desenvolvido na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, rodado quando o acumulado de casos estava na casa do 1 milhão, os números da pandemia são, em média, nove vezes o notificado e já chegam a 9 milhões, contando os assintomáticos.

Conduzida pelo Ibope, a pesquisa é a mais ampla do país e, segundo os pesquisadores, a maior do mundo. Foram aplicados nos voluntários testes rápidos de anticorpos, que detectam se a pessoa já foi exposta ao vírus uma semana antes ou mais.

O trabalho foi financiado pelo Ministério da Saúde. Técnicos da pasta participaram da entrevista coletiva desta tarde que divulgou os números. O ministro interino, que está há 50 dias no cargo, não esteve presente em nenhum dos encontros.

"Os testes foram disponibilizadas pelo Ministério da Saúde e a possibilidade de falso positivo é praticamente nula. O teste é de anticorpos e não tem nada a ver com o RT-PCR que avalia a doença na forma aguda", explicou o coordenador da pesquisa, Pedro Hallal.

Outros resultados

A pesquisa também identificou que nesse período de um mês e meio caiu o número de pessoas que estão em quarentena.

A quantidade de pessoas que dizem ficar sempre em casa diminuiu de 23,1% para 18,9%. Já o percentual de entrevistados que dizem sair diariamente subiu de 20,2% para 26,2%.

Hallal chamou a atenção para o resultado de que apenas 9% dos entrevistados que testaram positivo não tiveram nenhum sintoma. "É importante parar de dizer que a maior parte dos casos são assintomáticos, isso não se confirma."

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