Brasil

Pela primeira vez em 35 anos, PT não vence a prefeitura de nenhuma capital

Sem Recife e Vitória, partido ganhou apenas quatro cidades no segundo turno. Legenda que chegou a levar 638 prefeituras em 2012 teve seu pior desempenho

Ex-presidente Lula vota em São Bernardo do Campo no primeiro turno: partido perdeu relevância (Amanda Perobelli/Reuters)

Ex-presidente Lula vota em São Bernardo do Campo no primeiro turno: partido perdeu relevância (Amanda Perobelli/Reuters)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 29 de novembro de 2020 às 20h10.

Última atualização em 30 de novembro de 2020 às 17h13.

O PT chegou no segundo turno das eleições municipais de 2020 disputando três capitais, mas não levou nenhuma. Com a derrota de Marília Arraes no Recife e João Coser em Vitória, o PT termina as eleições 2020 sem comandar, pela primeira vez na história, uma capital do país.

A política vai seguir dando o tom na bolsa? Vai. E você pode aproveitar as oportunidades. Assine gratuitamente a EXAME Research

No segundo turno, o PT levou a prefeitura de quatro das 15 cidades que disputou. O partido ganhou as prefeituras de Diadema e Mauá, na região metropolitana de São Paulo, e os municípios de Contagem e Juiz de Fora, em Minas Gerais.

Os resultados mostram a ascensão e queda do partido que ganhou pela primeira vez uma prefeitura no país em 1985, com a vitória de Maria Luiza Fontenele, em Fortaleza. O ápice da trajetória do partido ocorreu em 2004, quando emplacou prefeitos em nove capitais. Já nas eleições de 2016, o PT ganhou apenas em Rio Branco, no Acre, com a reeleição de Marcus Alexandre.

O partido levou 183 prefeituras nas eleições deste ano. Em 2016, foram 254 cidades em que a legenda foi vitoriosa e, em 2012, 638. Ou seja, o PT conseguiu fazer menos de um terço do número de prefeituras que conquistou oito anos atrás.

"O PT perde musculatura e terá de ser bem mais flexível em 2022 para compor chapas estaduais e, eventualmente, nacional", diz Maurício Moura, fundador do Ideia, instituto de pesquisa especializado em opinião pública.

O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e os 19 meses que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou na prisão em decorrência de condenações de primeira instância no âmbito da Operação Lava-Jato foram decisivos para minar o capital político angariado pela legenda ao longo de mais três décadas.

A esquerda no Nordeste

Os melhores desempenhos da esqueda nas capitais nestas eleições foram do PSB, PDT e PSOL - a maioria no Nordeste. As prefeituras de Recife e Maceió ficaram com o PSB, enquanto o PDT levou Fortaleza e Aracaju.

O PSOL ganhou em Belém, com Edmilson Coutinho, e fortaleceu o nome de Guilherme Boulos no cenário nacional, ainda que o candidato tenha perdido a prefeitura de São Paulo. O psolista recebeu 2,2 milhões de votos na capital paulista e teve 40,6% dos votos válidos.

"As urnas de 2020 mostram uma esquerda brasileira mais diluída entre PSB, PDT e PSOL", diz Moura, do Ideia.

 

Acompanhe tudo sobre:Eleições 2020Guilherme BoulosPDTPSB – Partido Socialista BrasileiroPSOL – Partido Socialismo e LiberdadePT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Censo 2022: Rocinha volta a ser considerada a maior favela do Brasil

Censo 2022: favelas de São Paulo ganharam quase um milhão de moradores nos últimos 12 anos

Pretos e pardos representam 72,9% dos moradores de favelas, indica Censo

Censo 2022: veja o ranking das 20 favelas mais populosas do Brasil