Ex-presidente Lula vota em São Bernardo do Campo no primeiro turno: partido perdeu relevância (Amanda Perobelli/Reuters)
Fabiane Stefano
Publicado em 29 de novembro de 2020 às 20h10.
Última atualização em 30 de novembro de 2020 às 17h13.
O PT chegou no segundo turno das eleições municipais de 2020 disputando três capitais, mas não levou nenhuma. Com a derrota de Marília Arraes no Recife e João Coser em Vitória, o PT termina as eleições 2020 sem comandar, pela primeira vez na história, uma capital do país.
No segundo turno, o PT levou a prefeitura de quatro das 15 cidades que disputou. O partido ganhou as prefeituras de Diadema e Mauá, na região metropolitana de São Paulo, e os municípios de Contagem e Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Os resultados mostram a ascensão e queda do partido que ganhou pela primeira vez uma prefeitura no país em 1985, com a vitória de Maria Luiza Fontenele, em Fortaleza. O ápice da trajetória do partido ocorreu em 2004, quando emplacou prefeitos em nove capitais. Já nas eleições de 2016, o PT ganhou apenas em Rio Branco, no Acre, com a reeleição de Marcus Alexandre.
O partido levou 183 prefeituras nas eleições deste ano. Em 2016, foram 254 cidades em que a legenda foi vitoriosa e, em 2012, 638. Ou seja, o PT conseguiu fazer menos de um terço do número de prefeituras que conquistou oito anos atrás.
"O PT perde musculatura e terá de ser bem mais flexível em 2022 para compor chapas estaduais e, eventualmente, nacional", diz Maurício Moura, fundador do Ideia, instituto de pesquisa especializado em opinião pública.
O impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e os 19 meses que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou na prisão em decorrência de condenações de primeira instância no âmbito da Operação Lava-Jato foram decisivos para minar o capital político angariado pela legenda ao longo de mais três décadas.
Os melhores desempenhos da esqueda nas capitais nestas eleições foram do PSB, PDT e PSOL - a maioria no Nordeste. As prefeituras de Recife e Maceió ficaram com o PSB, enquanto o PDT levou Fortaleza e Aracaju.
O PSOL ganhou em Belém, com Edmilson Coutinho, e fortaleceu o nome de Guilherme Boulos no cenário nacional, ainda que o candidato tenha perdido a prefeitura de São Paulo. O psolista recebeu 2,2 milhões de votos na capital paulista e teve 40,6% dos votos válidos.
"As urnas de 2020 mostram uma esquerda brasileira mais diluída entre PSB, PDT e PSOL", diz Moura, do Ideia.