(Fundo de Investimento Direto Russo/Divulgação/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 27 de agosto de 2020 às 17h42.
Última atualização em 27 de agosto de 2020 às 18h29.
O governo do Paraná se reuniu nesta quinta-feira, 27, com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para definir como será uma possível produção da vacina Sputnik V, anunciada pelo governo russo como a primeira capaz de combater o coronavírus.
O encontro contou com a presença do presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Jorge Callado, e o chefe da Casa Civil do Estado do Paraná, Guto Silva, além do diretor da Anvisa, Antonio Barra Torres.
O objetivo do encontro foi tratar da aprovação dos órgãos sanitários brasileiros da fase de testes da vacina russa no Brasil. De acordo com o governo do Paraná, a expectativa é de que todo o documento seja submetido à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) e à Anvisa em 30 dias e a testagem comece em 45 dias.
Em entrevista à EXAME, Callado, presidente do Tecpar, disse que se o cronograma for cumprido, a imunização pode ser feita no segundo semestre de 2021.
Toda a produção, que compreende também a fase de testes clínicos, vai ficar sob a responsabilidade do instituto paranaense. A previsão é que 10 mil voluntários participem do estudo.
No começo de agosto, o Paraná fechou um memorando de entendimento com o Fundo de Investimento Direto da Rússia para a produção da vacina, que é desenvolvida pelo Instituto Gamaleya.
Logo que a vacina foi anunciada, cientistas ao redor do planeta pediram cautela por considerarem pouco tempo para ter resultados seguros. Além disso, a Rússia ainda não divulgou os primeiros estágios de testes.
Questionado pela EXAME, o Tecpar disse que já recebeu os resultados das fases 1 e 2 de testes, necessários para garantir a eficácia da vacina. Disse ainda que por questões de confidencialidade do contrato não poderia dar mais detalhes, mas que tudo será apresentado no documento final à Anvisa.
Atualmente quatro vacinas estão em fase de testes clínicos no Brasil e são feitas pelos laboratórios: Sinovac (China), AstraZeneca (Inglaterra), Johnson & Johnson (Estados Unidos) e outra de uma parceria entre Pfizer (Estados Unidos) e BioNTech (Alemanha).
A chamada fase 3, clínica, é realizada em um grande número de pessoas para testar a segurança e imunização. As fases anteriores são feitas em animais e em humanos, mas em uma quantidade muito pequena.
A chinesa e a britânica foram as primeiras a começar os testes em todo o mundo e são consideradas as mais promissoras até o momento. O governo de São Paulo, por meio do Instituto Butantan, vai financiar toda a produção da vacina do laboratório Sinovac.
Já o Ministério da Saúde aposta na vacina britânica. Quase 2 bilhões de reais foram reservados para a produção e imunização da população. Todo o processo será feito pela Fiocruz.