Paraisópolis: Doria, agora, recebe familiares de vítimas
Governador de São Paulo promete alterar os protocolos da PM depois da ação que deixou nove jovens pisoteados na segunda maior comunidade do estado
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2019 às 05h35.
Última atualização em 9 de dezembro de 2019 às 12h06.
Pouco mais de um dia após moradores de Paraisópolis protestarem contra a polícia e contra o governo do estado no baile da DZ7, na madrugada de domingo, o governador João Doria (PSDB) deve receber nesta segunda-feira familiares das vítimas da ação orquestrada pela Polícia Militar (PM) de São Paulo, que deixou nove jovens mortos.
Na última quarta-feira, Doria já havia recebido alguns familiares e representantes comunitários de Paraisópolis, segunda maior comunidade de São Paulo , no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo. Na ocasião, o governador mudou completamente o tom que havia adotado após a tragédia e prometeu criar uma comissão externa formada por moradores para investigar a ação que resultou em nove mortes. Antes disso, Doria havia eximido a polícia de culpa.“A letalidade não foi provocada pela Polícia Militar, e, sim, por bandidos que invadiram a área onde estava acontecendo o baile funk”, disse.
Segundo informações do Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana (Condepe), uma comissão externa criada para investigar a tragédia será formada por um representante da família de cada vítima, além de dois líderes comunitários e de representantes do Condepe e da Ordem dos Advogados do Brasil.
Durante uma coletiva de imprensa na semana passada, o governador negou que o seu discurso mais duro com relação à segurança pública possa estar contribuindo para o aumento da letalidade policial no estado ─ foram 697 mortes causadas por policiais de janeiro a outubro deste ano, ante 686 no mesmo período de 2018. O tucano também negou que a violência policial nas periferias seja uma rotina, mas admitiu estar chocado com um vídeo em que policiais agridem gratuitamente adolescentes que estavam no baile funk. “Vamos revisar protocolos e treinamentos para que nenhum policial militar aja dessa maneira”, disse.
O governador disse ainda que tanto Paraisópolis quanto Heliópolis, maiores comunidades do estado, receberão unidades das Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) e que conversou com a Sabesp, empresa de água e saneamento, para que sejam priorizadas ações envolvendo melhorias no saneamento básico nessas comunidades. Até agora, no entanto, Doria não detalhou quais mudanças serão feitas nos protocolos da PM e nem quando e como as comunidades receberão as melhorias prometidas.