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Para Eurasia, candidato anti-reforma tem 20% de chance de ganhar eleição

Segundo relatório da consultoria, a prisão de Lula pode beneficiar a coesão da esquerda na eleição presidencial

Apoiadora de Lula: prisão do ex-presidente fortalece candidatura única da esquerda, diz Eurasia (Pilar Olivares/Reuters)

Apoiadora de Lula: prisão do ex-presidente fortalece candidatura única da esquerda, diz Eurasia (Pilar Olivares/Reuters)

Luiza Calegari

Luiza Calegari

Publicado em 10 de abril de 2018 às 13h54.

São Paulo – As chances de um candidato do campo da esquerda, anti-reformista, ganharem a eleição presidencial deste ano são de 20%, segundo um relatório da consultoria Eurasia divulgado na última sexta-feira (6).

A projeção foi feita independentemente de quem seria o candidato majoritário, definição que está condicionada ao tempo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva permanecerá preso.

Os analistas Silvio Cascione, Christopher Garman, Filipe Grupelli Carvalho e Djania Savoldi consideram praticamente nula a possibilidade de que o ex-presidente consiga ser candidato neste ano, mas apostam que sua capacidade de fazer ou não campanha ainda será essencial para definir os rumos políticos do país.

Paradoxalmente, segundo os analistas, com Lula preso, há mais possibilidade de que haja uma grande aliança da esquerda em torno de uma candidatura em comum. Se o ex-presidente for solto, as chances de pulverização aumentam.

Até agora, o cenário é o seguinte: parte dos votos de Lula indo para Ciro Gomes (PDT-CE); parte para o candidato apontado por Lula; e outra parte se dividiria entre outros candidatos, como Marina Silva (Rede) e até Jair Bolsonaro (PSL).

“Tanto Gomes quanto o candidato do PT são o que chamamos de anti-reformistas: nomes que fariam campanha contra muitas das reformas propostas pelo presidente Michel Temer. Se esse cenário se perpetuar, as chances de um anti-reformista ir para o segundo turno seriam baixas, em linha com a nossa projeção de 20% de chance de que um anti-reformista ganhe o pleito”, diz o relatório.

Assim, se Lula continuar preso durante a campanha, os analistas acreditam que a candidatura da esquerda tende a se aglutinar em torno de Ciro Gomes – mas com algumas ressalvas.

A principal dela é se o ex-ministro cearense teria apoio do PT, coisa que hoje parece improvável. O partido está dividido entre apresentar a candidatura do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (que teria dificuldades em conquistar os eleitores do Nordeste) e do ex-governador da Bahia Jacques Wagner (que disputaria os votos da região com Ciro Gomes).

Com Lula solto, a esquerda se divide, já que o PT terá pouco incentivo para apoiar Ciro Gomes, e ele não vai abandonar sua candidatura própria. Com as duas frentes correndo em paralelo, os dois candidatos devem ter a mesma proporção de votos – e o PT só ultrapassaria Ciro Gomes se ele perdesse apoio maciçamente, o que é muito improvável, para a consultoria.

Por fim, a Eurasia destaca que as maiores chances de um candidato de esquerda vencer as eleições são se o concorrente for o deputado federal Jair Bolsonaro – da mesma forma que, para Bolsonaro, o adversário ideal é alguém da esquerda.

 

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