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Para CBF, governo deveria dar atenção à escola pública

Presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero, disse que devem existir limites para uma participação no Estado na organização do futebol


	Marco Polo del Nero (D), presidente da CBF, e José María Marin, ex-presidente da entidade: existem limites para participação do Estado no futebol
 (LatinContent/Getty Images)

Marco Polo del Nero (D), presidente da CBF, e José María Marin, ex-presidente da entidade: existem limites para participação do Estado no futebol (LatinContent/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de julho de 2014 às 09h17.

Rio - O presidente eleito da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, disse ontem que existem "limites" para eventual participação do Estado na organização do futebol, como havia sugerido na véspera o ministro do Esporte, Aldo Rebelo. Ao mesmo tempo, Del Nero cobrou "prioridade para o esporte na rede pública".

Anteontem, Aldo chegou a falar em "intervenção indireta" na modalidade, propondo mudanças em "áreas de interesse público". Ontem, o ministro voltou ao assunto e disse que a "intervenção" a que se referiu no dia anterior não era na CBF.

"A participação do Estado é sempre bem-vinda, dentro dos limites do que se pode fazer", disse Del Nero, que vai assumir o comando do futebol nacional em 2015. Segundo ele, o governo federal já engavetou projetos apresentados pela entidade.

A CBF foi sempre refratária a um envolvimento do Estado em suas funções, o que exigiria, de um lado, maior transparência nas contas, mas também a justificativa de resultados.

Os "limites" citados pela CBF se referem justamente à regra da Fifa que impede que governos intervenham nas confederações de futebol. Nesta semana, a entidade suspendeu a Nigéria de participação no futebol internacional depois que o governo em Abuja, a capital do país africano, promoveu uma intervenção na federação local e trocou os cartolas da entidade nacional.

Aldo, apesar de considerar que "o Estado não poderia ser excluído da competência de zelar pelo interesse público dentro do esporte", já havia ponderado que sua proposta de ação não era uma tentativa de o governo influir na escolha de presidentes de clubes ou da CBF. O governo sabe que precisa agir dentro das regras da Fifa.

Del Nero sugeriu que a atuação do Estado no esporte teria de ser outra. Para ele, o governo precisa se ocupar da rede pública de escolas antes de falar em intervenção nos clubes brasileiros. Segundo ele, "a escola é a base de tudo". "Onde está o esporte nas escolas brasileiras?", questionou. "O governo precisa dar maior prioridade para o esporte na rede pública. É dali que sairão os craques", reforçou. "Os clubes não podem fazer tudo. Parte desse trabalho de base precisa ser construído pelas escolas."

Como exemplo, o presidente eleito da CBF mencionou o desenvolvimento do esporte nos Estados Unidos, baseado sempre na atuação em escolas e universidades.

Futebol feminino

O dirigente ainda observou que propostas para o desenvolvimento do futebol feminino no País, enviadas ao governo pela confederação, estão paradas há anos.

Anteontem, o ministro do Esporte e a Fifa cobraram da CBF medidas para fortalecer o futebol feminino no Brasil e acelerar o seu desenvolvimento. Aldo disse que é o governo federal quem vem estimulando a modalidade, ao apoiar o Campeonato Brasileiro e a Libertadores. Ele indicou que espera iniciativas da CBF em relação ao assunto.

Del Nero, porém, alertou que, quando Orlando Silva era ministro, a CBF encaminhou projeto para o desenvolvimento da modalidade nas universidades. "Os clubes têm dificuldades financeiras para bancar o futebol feminino." Para ele, o modelo deve ser encontrado nas universidades e com o apoio de recursos públicos. Em troca de bolsas de estudos, as mulheres teriam a organização de times e de campeonatos. "Mas o projeto nunca andou depois que Orlando Silva deixou o governo", comentou Del Nero.

Orlando Silva (PC do B), candidato a deputado, deixou o ministério em meio a suspeitas de corrupção e favorecimento de ONGs ligadas ao partido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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