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País "caminha para a ingovernabilidade" com Temer, diz Tasso

Embora tenha dito ser "precipitado" falar em nomes para uma eventual transição, Tasso avalia que Maia poderia garantir governabilidade ao país até a eleição

Tasso Jereissati: o presidente da Câmara comentou a declaração de Tasso (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de julho de 2017 às 08h59.

Brasília - O presidente interino do PSDB , senador Tasso Jereissati (CE), disse na quinta-feira, 6, que o País "caminha para a ingovernabilidade" na gestão do presidente Michel Temer .

O dirigente tucano, que comanda o principal partido aliado a Temer, fez também um aceno ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que assume interinamente o Palácio do Planalto caso o peemedebista seja afastado do cargo se a denúncia contra ele for aceita pelos deputados.

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Embora tenha dito que é "precipitado" falar em nomes para uma eventual transição, Tasso avalia que Maia poderia garantir governabilidade ao País até a eleição de 2018. Acusado de corrupção passiva, Temer é o primeiro presidente a ser denunciado no exercício do mandato.

Maia, que está em Buenos Aires, comentou a declaração de Tasso. "O senador Tasso é um homem com muita experiência e qualquer um ficaria feliz de ele avaliar que se tenha condições de ajudar o Brasil. (Mas) Acho que na posição na qual estou, já estou ajudando muito", disse ontem o presidente da Câmara a jornalistas. Maia afirmou ainda que a denúncia contra Temer "tem de ser respeitada".

No mesmo dia em que Temer embarcou para a Alemanha, Maia viajou para a Argentina, onde participa do Fórum de Relações Internacionais e Diplomacia Parlamentar. Sobre a coincidência de datas, o deputado disse que sua ida à capital argentina foi confirmada antes de Temer decidir viajar a Alemanha.

O Planalto detectou um movimento de alas do PSDB e do DEM para tentar viabilizar o nome de Maia como uma alternativa. Para neutralizar esse movimento, Temer convocou uma reunião ministerial anteontem e disse aos ministros que eles precisam ajudá-lo a garantir os votos na Câmara não só para mantê-lo no cargo, como para aprovar reformas em tramitação no Congresso, como a trabalhista e a da Previdência.

O presidente da Câmara, porém, abandonou nos últimos dias a postura de "líder de governo" e assumiu mais o comportamento institucional. Embora venha se ausentando do plenário e promovendo mais encontros na residência oficial, Maia não está fazendo campanha aberta para suceder a Temer. A estratégia não é só para não ser tachado de traidor, mas para conquistar o apoio futuro dos partidos que ainda permanecem alinhados com o governo.

Na Câmara, o Centrão - grupo de médias e pequenas legendas - mantém disposição de dar sobrevida a Temer. No grupo, a avaliação é de que o PSDB pode influir numa derrocada de Temer assim como o PMDB foi o vilão da queda de Dilma Rousseff.

"Travessia"

Tasso, que vem defendendo o desembarque do PSDB do governo - em oposição ao posicionamento da ala paulista da legenda (José Serra, Geraldo Alckmin e João Doria) e do senador Aécio Neves (MG) -, fez ontem a mais explícita manifestação pela saída de Temer.

"Na travessia, se vier, tem várias opções. Se vier um afastamento pela Câmara, ele (Maia) é presidente por seis meses. Se Temer renunciasse já seria diferente, mas, se passar a licença para a denúncia, aí ele (Maia) é presidente por seis meses e tem condições de fazer, até pelo cargo que possui na Câmara, de juntar os partidos ao redor com um mínimo de estabilidade para o País", disse o senador tucano.

Tasso afirmou ainda que está aberto para tratar de uma "saída negociada" com Temer. Disse que já está discutindo o assunto com outras legendas da base aliada. "Acho que o ideal é envolver todos os partidos, inclusive os de esquerda."

O movimento no PSDB pró-desembarque ganhou força entre os senadores. A avaliação de ala formada por ao menos seis dos 11 integrantes da bancada tucana é de que o partido deve entregar os cargos, mas manter apoio às reformas.

"Defendemos as reformas. Se acharmos que Temer não tem mais condições de continuar a conduzi-las, precisamos pensar em uma alternativa", afirmou o senador Ricardo Ferraço (ES), relator da reforma trabalhista.

Segundo interlocutores de Temer, o governo tem os votos para segurar a denúncia na Comissão de Constituição e Justiça, mas o governo já trabalha com a possibilidade de esticar o início do recesso parlamentar, marcado para o dia 18. (Colaboraram Isadora Peron, Daiene Cardoso e Tânia Monteiro)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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