Padilha deixa gestão Dilma e preocupa Planalto
Abandonando o barco: após Padilha comunicar a decisão, o PMDB pressiona o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, a deixar o cargo também
Da Redação
Publicado em 5 de dezembro de 2015 às 08h11.
Brasília - Um dos principais aliados do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB) , o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), anunciou ontem que vai deixar o governo. O gesto pode dar início à saída de mais integrantes do partido na Esplanada.
Após Padilha comunicar a decisão à cúpula da legenda e protocolar carta de demissão na Casa Civil, integrantes do PMDB passaram a pressionar o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a deixar o cargo também.
Alves é outro nome ligado a Temer e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável por dar início ao processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff .
Integrante da Executiva Nacional do PMDB, o ex-ministro Geddel Vieira Lima apelou pela saída de Alves: "Amigo Henrique E. Alves, agora é hora de gente que construiu toda sua bela história no PMDB não permitir que constranjam nosso partido. Viva Eliseu Padilha", escreveu nas redes sociais.
Os ministros Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), indicados pela bancada do PMDB na Câmara, deverão, contudo, ser "poupados" neste momento dos pedidos de desembarque pelos colegas.
Em um outro recado do distanciamento do Palácio do Planalto, o grupo de Michel Temer não deve reivindicar o posto deixado por Padilha.
A iniciativa de Padilha no momento em que o Planalto precisa de apoio para enfrentar o processo de impeachment revela, na análise de integrantes da cúpula do PMDB do Congresso, as "digitais" de Temer a favor do afastamento da presidente.
No grupo de peemedebistas pró-Dilma, cresce o sentimento de que Temer atua nos bastidores em parceria com Cunha, responsável direto pelo processo de impeachment. Na avaliação de peemedebistas, essa atuação ocorreria, porém, com objetivos distintos.
Cunha quer "embaralhar" o jogo como tentativa de sobreviver ao processo por quebra de decoro que enfrenta no Conselho de Ética da Câmara.
De outro lado, o grupo de Temer aproveitaria o início do processo de impeachment para, nos bastidores, pressionar pelo avanço das discussões na comissão do impeachment.
A situação de Padilha, segundo aliados, era considerada "desconfortável" desde que Temer foi afastado da articulação política do governo no meio do ano.
Durante o período em que o vice comandou as tratativas com o Congresso cabia a Padilha atuar no chamado "balcão", realizando negociações com os líderes partidários a liberação de cargos e emendas parlamentares, moedas de troca do governo para obter votos em plenário.
Distanciamento
O afastamento de Temer da função culminou no esfriamento da relação de ambos com a cúpula do Palácio do Planalto.
A pessoas próximas, Padilha também vinha se queixando de que na Aviação Civil não estava conseguindo executar as principais ações da pasta em razão do contingenciamento dos recursos do Orçamento da União.
A gota d'água do descontentamento com o governo foi a rejeição de Dilma em indicar um aliado seu para a diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
No fim de novembro, Dilma encaminhou ao Senado a indicação de Juliano Alcântara Noman para a Anac. Mas a presidente decidiu, na última hora, retirar o apoio ao economista. E sem avisar ao ministro. A iniciativa ocorreu no mesmo dia em que Cunha anunciou o início do processo de impedimento.
PT
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, preferiu não levantar dúvidas sobre a atuação do PMDB e do vice-presidente Michel Temer durante o processo de impeachment.
"O momento é de unidade, não de levantar suspeição sobre qualquer parte", afirmou o dirigente em entrevista coletiva ontem, em São Paulo.
Em conversas reservadas, no entanto, dirigentes petistas admitem que a estratégia do partido em relação ao aliado é de "observação". Segundo um dirigente que preferiu não ser identificado, o PT "vai ficar em estado de vigília permanente" e as bancadas do partido foram orientadas a "agir de maneira concentrada em relação aos parlamentares do PMDB que nos apoiam". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Brasília - Um dos principais aliados do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB) , o ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), anunciou ontem que vai deixar o governo. O gesto pode dar início à saída de mais integrantes do partido na Esplanada.
Após Padilha comunicar a decisão à cúpula da legenda e protocolar carta de demissão na Casa Civil, integrantes do PMDB passaram a pressionar o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a deixar o cargo também.
Alves é outro nome ligado a Temer e ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável por dar início ao processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff .
Integrante da Executiva Nacional do PMDB, o ex-ministro Geddel Vieira Lima apelou pela saída de Alves: "Amigo Henrique E. Alves, agora é hora de gente que construiu toda sua bela história no PMDB não permitir que constranjam nosso partido. Viva Eliseu Padilha", escreveu nas redes sociais.
Os ministros Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), indicados pela bancada do PMDB na Câmara, deverão, contudo, ser "poupados" neste momento dos pedidos de desembarque pelos colegas.
Em um outro recado do distanciamento do Palácio do Planalto, o grupo de Michel Temer não deve reivindicar o posto deixado por Padilha.
A iniciativa de Padilha no momento em que o Planalto precisa de apoio para enfrentar o processo de impeachment revela, na análise de integrantes da cúpula do PMDB do Congresso, as "digitais" de Temer a favor do afastamento da presidente.
No grupo de peemedebistas pró-Dilma, cresce o sentimento de que Temer atua nos bastidores em parceria com Cunha, responsável direto pelo processo de impeachment. Na avaliação de peemedebistas, essa atuação ocorreria, porém, com objetivos distintos.
Cunha quer "embaralhar" o jogo como tentativa de sobreviver ao processo por quebra de decoro que enfrenta no Conselho de Ética da Câmara.
De outro lado, o grupo de Temer aproveitaria o início do processo de impeachment para, nos bastidores, pressionar pelo avanço das discussões na comissão do impeachment.
A situação de Padilha, segundo aliados, era considerada "desconfortável" desde que Temer foi afastado da articulação política do governo no meio do ano.
Durante o período em que o vice comandou as tratativas com o Congresso cabia a Padilha atuar no chamado "balcão", realizando negociações com os líderes partidários a liberação de cargos e emendas parlamentares, moedas de troca do governo para obter votos em plenário.
Distanciamento
O afastamento de Temer da função culminou no esfriamento da relação de ambos com a cúpula do Palácio do Planalto.
A pessoas próximas, Padilha também vinha se queixando de que na Aviação Civil não estava conseguindo executar as principais ações da pasta em razão do contingenciamento dos recursos do Orçamento da União.
A gota d'água do descontentamento com o governo foi a rejeição de Dilma em indicar um aliado seu para a diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
No fim de novembro, Dilma encaminhou ao Senado a indicação de Juliano Alcântara Noman para a Anac. Mas a presidente decidiu, na última hora, retirar o apoio ao economista. E sem avisar ao ministro. A iniciativa ocorreu no mesmo dia em que Cunha anunciou o início do processo de impedimento.
PT
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, preferiu não levantar dúvidas sobre a atuação do PMDB e do vice-presidente Michel Temer durante o processo de impeachment.
"O momento é de unidade, não de levantar suspeição sobre qualquer parte", afirmou o dirigente em entrevista coletiva ontem, em São Paulo.
Em conversas reservadas, no entanto, dirigentes petistas admitem que a estratégia do partido em relação ao aliado é de "observação". Segundo um dirigente que preferiu não ser identificado, o PT "vai ficar em estado de vigília permanente" e as bancadas do partido foram orientadas a "agir de maneira concentrada em relação aos parlamentares do PMDB que nos apoiam". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.