Brasil

ONG abre covas na praia de Copacabana para cobrar ações contra a covid-19

Cruzes e bandeiras do Brasil também foram usadas para chamar a atenção sobre a postura dos governos durante a pandemia de coronavírus

A praia de Copacabana, na zona sul do Rio, foi palco de um protesto na manhã desta   quinta-feira, 11, contra a condução da pandemia do novo coronavírus pelo governo federal. A ONG Rio de Paz organizou a abertura de 100 covas rasas nas areias da praia, simbolizando as mortes pela covid-19 no Brasil. O País já tem quase 40 mil   mortes pelo coronavírus. O total de infectados já passa de 775 mil, segundo dados coletados pelo consórcio de imprensa com informações de secretarias estaduais de saúde. (Wilton Junior/Estadão Conteúdo)

A praia de Copacabana, na zona sul do Rio, foi palco de um protesto na manhã desta quinta-feira, 11, contra a condução da pandemia do novo coronavírus pelo governo federal. A ONG Rio de Paz organizou a abertura de 100 covas rasas nas areias da praia, simbolizando as mortes pela covid-19 no Brasil. O País já tem quase 40 mil mortes pelo coronavírus. O total de infectados já passa de 775 mil, segundo dados coletados pelo consórcio de imprensa com informações de secretarias estaduais de saúde. (Wilton Junior/Estadão Conteúdo)

AO

Agência O Globo

Publicado em 11 de junho de 2020 às 13h38.

Última atualização em 11 de junho de 2020 às 15h01.

As mortes em decorrência do novo coronavírus foram retratadas nas areias da Praia de Copacabana na manhã desta quinta-feira por meio de um protesto da ONG Rio de Paz. Na ação, iniciada às 4h, foram abertas cem covas rasas na altura do Hotel Copacabana Palace para chamar a atenção sobre a postura dos governos durante a pandemia de Covid-19, principalmente o federal. Quarenta voluntários participaram do protesto, que também teve instaladas bandeiras do Brasil e cruzes.

A ONG buscou chamar a atenção para o número crescente de mortes em todo o país e apontou a falta de assistência para as comunidades mais carentes. O presidente da Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, destacou o modo como a crise gerada pela pandemia no país tem sido conduzida. Ele apontou a falta de diálogo entre os três governos como um dos agravantes no combate ao coronavírus e a ausência de um cronograma na busca por soluções:

"O governo federal tem obrigação de apresentar metas e cronogramas para as áreas da saúde e da economia. Nós exigimos prestação de contas, transparência e a demissão daqueles que não alcançarem o objetivo dos prazos estipulados. O governo federal deveria ter assumido o protagonismo de organizar um gabinete de crise com governadores e prefeitos a fim de o Brasil ter uma política comum. O presidente da República precisa compreender que a população brasileira está vivendo um dos momentos mais dramáticos de sua história", afirmou Costa.

O presidente da ONG também comentou sobre o processo de flexibilização no isolamento social, marcado nesta quinta-feira pela reabertura dos shoppings na capital com um sistema especial. Ele diz temer por uma segunda onda de contágio, em que município e estado não estariam preparados para enfrentar. Costa destacou o crescimento no número de óbitos no país, dizendo ser um momento de reavaliação e de cobranças por mudanças na postura da União.

"O Brasil pode passar os EUA no número de óbitos, o que nós esperamos que não aconteça. Mas nas próximas horas tudo leva a crer que o Brasil estará no segundo lugar no ranking do mundo de mortos por coronavírus. Uma pergunta precisa ser respondida. Qual é a responsabilidade do governo federal nessa história? Nós não podemos mais ter um presidente que destila ódio. (...) E nós estamos aqui para cobrar. Nós queremos metas, cronogramas, queremos saber para onde o Brasil está indo">

Costa destacou como as populações mais carentes têm sofrido em meio ao cenário. Além das mortes - muitas sem diagnóstico correto -, moradores de favelas estão sujeitos ao aumento da pobreza e têm tido dificuldade para colocar alimentos na mesa.

- Nós trabalhamos nas favelas do Rio de Janeiro, subindo e descendo morro. E eu diria que se não fosse o trabalho das organizações não-governamentais, nós já estaríamos enfrentando problemas nas ruas. Porque nós estamos entrando em barraco com morador se lançando literalmente nos nossos braços para mostrar gratidão por termos chegado justamente no dia em que a dispensa ficou vazia.

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